Economia

Energia verde terá pouco impacto sobre crescimento, diz ONU

As perdas econômicas globais da mudança seriam pequenas se comparadas aos custos de ondas de calor, enchentes, tempestades e elevações no nível dos oceanos


	Energia eólica: mudanças em investimentos na casa dos trilhões de dólares são necessárias para tornar a energia de baixa emissão de carbono
 (Getty Images)

Energia eólica: mudanças em investimentos na casa dos trilhões de dólares são necessárias para tornar a energia de baixa emissão de carbono (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 17h28.

Berlim - Uma mudança radical de combustíveis fósseis para energia de baixa emissão de carbono só reduziria o crescimento econômico mundial em uma pequena porcentagem, mostrou nesta sexta-feira o rascunho de um novo relatório da Organização das Nações Unidas sobre maneiras de lidar com o aquecimento global.

Muitos governos se queixaram de que uma versão anterior não deixou clara sua estimativa dos custos da energia alternativa, que inclui solar ou eólica, nuclear e de combustíveis fósseis, cujas emissões causadoras do efeito estufa são capturadas e preservadas no subsolo.

O novo rascunho, que está sendo editado por autoridades do governo e cientistas em Berlim antes de sua publicação no domingo, indica que as perdas econômicas globais seriam pequenas se comparadas aos custos projetados de ondas de calor, enchentes, tempestades e elevações no nível dos oceanos.

O estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) é um guia essencial para os governos que trabalham em um pacto na Organização das Nações Unidas (ONU) previsto para ser acordado em Paris no fim de 2015 para frear o aquecimento global, que muito provavelmente é causado pelo homem, segundo o painel.

O novo texto, obtido pela Reuters, diz que ações duras para cortar as crescentes emissões causadoras do efeito estufa iriam desacelerar o consumo mundial de bens e serviços em 0,06 por cento ao ano neste século, em um intervalo de 0,04 a 0,14 por cento.

Economistas dizem que as mudanças no consumo medidas pelo IPCC são quase idênticas às mudanças segundo o padrão mais tradicional de Produto Interno Bruto. O consumo exclui investimentos incluídos no PIB.


O rascunho anterior dizia que as perdas de consumo poderiam chegar a 12 por cento até 2100, mas deixou de esclarecer que a cifra é o resultado acumulado de uma pequena redução a cada ano ao longo de um século, em vez de uma indicação de crise econômica em 2100.

O novo texto também contextualiza que as perdas são pequenas em comparação ao aumento vertiginoso de riqueza - o consumo deve aumentar entre 300 e 900 por cento neste século, afirma.

Várias nações disseram que as perdas de 12 por cento até 2100 citadas no relatório prévio soaram alarmantes e que queriam mais esclarecimentos.

A Grã-Bretanha declarou que a cifra "pode ser tirada de contexto facilmente por aqueles que se opõem a uma ação climática", referindo-se aos que não estão convencidos de que as mudanças climáticas são um problema causado pelo homem que exige uma solução urgente.

O rascunho do IPCC diz que mudanças em investimentos na casa dos trilhões de dólares são necessárias para tornar a energia de baixa emissão de carbono, que hoje representa 17 por cento da matriz energética, a fonte dominante de energia até 2050.

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