Fachada do Banco Central Europeu (BCE) (Foto/Getty Images)
Fabiane Stefano
Publicado em 13 de novembro de 2020 às 09h18.
O Banco Central Europeu deveria colocar empréstimos ultrabaratos no centro de seu próximo pacote de estímulo sendo preparado para dezembro, disse Madis Muller, membro do conselho do BCE.
Em entrevista de Tallinn, o presidente do banco central da Estônia enfatizou a necessidade da renovação do chamado TLTRO, em vez da compra adicional de títulos por meio do programa de compras de emergência na pandemia (PEPP, na sigla em inglês). Segundo ele, a situação é diferente do cenário em março, quando o BCE tentava amenizar a turbulência dos mercados.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse na quarta-feira que a instituição se concentrará nas compras de títulos de emergência de 1,35 trilhão de euros (US$ 1,6 trilhão) e TLTROs - operações de empréstimo de longo prazo direcionadas - para a próxima onda de estímulo que visa aliviar o impacto da pandemia de coronavírus. Essa foi a indicação mais forte sobre o tipo de ferramentas a serem adotadas quando o BCE ajustar a política monetária em dezembro.
O BCE flexibilizou os termos do programa de empréstimos desde o início da crise. Os bancos agora podem obter empréstimos de três anos com juros muito baixos, de até 1% negativo - o que significa que o banco central paga para emprestar -, desde que emprestem o dinheiro para empresas e famílias.
As instituições financeiras acessaram 174,5 bilhões de euros em empréstimos em setembro, e um recorde de 1,3 trilhão de euros na rodada anterior em junho. Atualmente, apenas mais duas operações estão programadas, em dezembro e março.
Muller não quis indicar o possível tamanho do próximo estímulo, dizendo que dependerá das novas projeções econômicas, incluindo a primeira previsão para 2023.
“É muito cedo para dizer quão grande deve ser o pacote”, disse. “Se não houver tensões nos mercados financeiros, haverá menos necessidade de maior afrouxamento da política.”
O BCE gastou até o momento cerca da metade da quantia destinada ao programa de compras de títulos de emergência, que deve ser executado até meados do próximo ano.
O debate sobre o estímulo se intensifica em meio à deterioração das perspectivas econômicas da zona do euro nas últimas semanas. Casos recordes de coronavírus em toda a região levaram governos a impor novamente algumas restrições. Com isso, a recuperação mais forte do que o esperado no verão pode evaporar em uma recessão dupla.
O BCE se comprometeu a manter o estímulo até o fim da crise. Muller avalia que, até que haja clareza nesse aspecto, as ferramentas de emergência da instituição, em vez de seu antigo programa de compra de ativos, são a medida certa a ser usada no momento.