Economia

Empréstimo da Rio 2016 aumentou endividamento do estado

De acordo com o relatório, o Estado do Rio iniciou em 2010 um novo ciclo de endividamento, para cobrir os gastos com a Olimpíada de 2016

Olimpíada: 78,6% foram para custear despesas relacionadas aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 (Stu Forster/Getty Images)

Olimpíada: 78,6% foram para custear despesas relacionadas aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 (Stu Forster/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 17h07.

O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) aprovou hoje (7), em sessão plenária, recomendação ao governo do Estado para que adote medidas que resultem na mudança do regime fiscal de controle da dívida pública estadual, consolidada em R$ 106,15 bilhões, de acordo com registros no site da Secretaria Estadual de Fazenda em outubro de 2016.

O conselheiro relator Marco Antonio Alencar, em seu voto, considerou insustentável a trajetória do atual endividamento estadual.

A decisão teve como base auditoria governamental de inspeção extraordinária solicitada pelo tribunal. O documento alerta que a obtenção de novos empréstimos pode deteriorar a situação fiscal.

Gastos com a Rio 2016

De acordo com o relatório, o Estado do Rio iniciou em 2010 um novo ciclo de endividamento, com autorizações para contratação de volumes expressivos em operações de crédito. Entre 2012 e 2015, foram R$ 22,39 bilhões em empréstimos para o Estado do Rio.

Deste total, 78,6% foram para custear despesas relacionadas aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, contratados em 2014 e 2015.

Ao avaliar a variação da sustentabilidade da dívida, o TCE-RJ encontrou resultados que apontam para uma dinâmica ascendente, o que leva à previsão de que a dívida pública vai alcançar 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado ao final de 2018.

Se a aprovação do novo pacote na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) não vier com esforço fiscal, este problema poderá ser agravado.

A situação piora tendo em vista que o governo do Estado prevê para os próximos três exercícios (2017 a 2019) um déficit primário no valor de R$ 33,63 bilhões.

Para estabilizar esta trajetória, o TCE-RJ indica a realização de um adequado esforço fiscal, por meio da busca por superavit primário suficiente para manter a variação da dívida sob controle.

Limitação de gastos

Além da Lei da Responsabilidade Fiscal, o TCE-RJ orienta que seja criado pelo Legislativo estadual mais uma regra fiscal que limite a evolução das despesas públicas.

A recomendação mira-se no exemplo do Congresso Nacional, que aprovou um limitador para a União Federal, já a partir deste ano.

As despesas precisam crescer num ritmo inferior ao das receitas e a reversão da dinâmica da dívida precisa ser enfrentada, orienta o voto do relator.

A decisão aprovada pelo TCE-RJ será comunicada à Secretaria Estadual de Fazenda, com ofícios encaminhados ao governador Luiz Fernando Pezão, ao presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, e à Comissão de Orçamento e Finanças da Alerj.

O documento também será enviado ao Procurador-Geral do Estado, José Eduardo Gussem, para dar ciência ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro acerca da utilização de valores referentes a operações de crédito em finalidade diversa à autorizada por lei.

*Com informações do TCE-RJ

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaOlimpíada 2016Rio de Janeiro

Mais de Economia

Desemprego cai para 6,4% no 3º tri, menor taxa desde 2012, com queda em seis estados

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos