Economia

Empresas reveem conceitos e atuação por Minha Casa, Minha Vida

São Paulo - Independentemente das metas cumpridas ou não até o momento, uma consequência do programa "Minha Casa, Minha Vida" é incontestável pelo mercado: a mudança de paradigmas no mercado imobiliário brasileiro.</p> Além de beneficiar diretamente o cliente, permitindo muitas vezes o acesso ao primeiro imóvel, o plano habitacional do governo federal lançado há quase […]

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2011 às 12h01.

São Paulo - Independentemente das metas cumpridas ou não até o momento, uma consequência do programa "Minha Casa, Minha Vida" é incontestável pelo mercado: a mudança de paradigmas no mercado imobiliário brasileiro.</p>

Além de beneficiar diretamente o cliente, permitindo muitas vezes o acesso ao primeiro imóvel, o plano habitacional do governo federal lançado há quase um ano levou incorporadoras e construtoras tradicionalmente voltadas ao alto padrão a buscar formas de atender um nicho da população que pouco atraía a atenção.

Entre as principais movimentações do setor, especialistas destacam a aquisição da Tenda pela Gafisa e a atuação da Living, braço da Cyrela destinado à baixa renda.

Em 2009, os produtos de padrão médio e médio-alto da Gafisa representaram 58 por cento das vendas contratadas, enquanto os da Tenda para o segmento de baixa renda representaram 42 por cento.

Para este ano, a Gafisa estima lançamentos de imóveis da ordem de 4 bilhões a 5 bilhões de reais, sendo que os destinados à baixa renda --com valor até 180 mil reais-- devem responder por 40 a 45 por cento do total.

Já a Living respondeu por 29,1 por cento dos lançamentos da Cyrela no ano passado (1,6 bilhão de reais) e por 32,9 por cento das vendas (1,7 bilhão de reais).

Para o presidente da Rodobens Negócios Imobiliários, Eduardo Gorayeb, o "Minha Casa, Minha Vida" mudou conceitos "ao incorporar ao mercado uma faixa de renda que não era atendida".

A Rodobens não chegou a lançar nenhum produto voltado à faixa da população que ganha até três salários mínimos dentro do "Minha Casa, Minha Vida" por acreditar que "as empresas menores têm mais agilidade para isso", segundo Gorayeb.

A dificuldade que as empresas encontram em fechar a conta no atendimento à baixíssima renda faz com que esse segmento fique limitado a subsídios governamentais.

Parcerias com prefeituras e revisão de valores são apontadas como alternativas à impossibilidade de as incorporadoras e construtoras atuarem nessa faixa, que corresponde a 80 por cento do atual déficit habitacional do país.

No ano passado, a Rossi Residencial concentrou seus lançamentos à população que ganha de três a dez salários mínimos, mas "podemos fazer algo para quem ganha até três salários ainda este ano", disse à Reuters o diretor do segmento econômico da Rossi, Rodrigo Martins.

"Seria preciso fazer um ajuste no preço final do imóvel para aumentar o volume de produção nessa faixa", destacou.

Quarenta e oito por cento do valor geral de vendas lançado pela Rossi em 2009 foi para o segmento econômico. Em 2010, a expectativa é que a participação suba para 50 por cento.

DESTAQUES

Segundo a analista Sandra Peres, da CoinValores, algumas empresas se destacaram mais no primeiro ano do "Minha Casa, Minha Vida".

"Com controle rígido de custos, a MRV foi uma das mais favorecidas e conseguiu provar que baixa renda traz boas margens", disse. "A PDG também se beneficiou por já ter um braço na baixa renda."

Dos 2,6 bilhões de reais lançados pela MRV Engenharia em 2009, 73 por cento foram imóveis na faixa entre 80 mil e 130 mil reais. Unidades com valor de até 80 mil reais corresponderam a 13 por cento dos lançamentos no ano passado.

A PDG Realty, por sua vez, teve 52 por cento das 25,6 mil unidades lançadas no último ano elegíveis ao "Minha Casa, Minha Vida", segundo seu presidente, José Antonio Grabowsky.

Em teleconferência recente para comentar os resultados da PDG em 2009, Grabowsky disse que a construtora iniciará este ano operações no segmento de baixa renda em Fortaleza e Recife, onde possui terrenos com potencial de vendas estimado em cerca de 200 milhões de reais.

Apesar do saldo positivo entre as empresas, o analista David Lawant, do Itaú Unibanco, lembrou que se trata de um negócio de ciclo longo e, portanto, é preciso aguardar a conclusão dos projetos para avaliar o real impacto do "Minha Casa, Minha Vida" no desempenho das construtoras.

"O setor mudou de patamar com o programa, mas os maiores desafios ainda estão na área operacional, que precisa ser aperfeiçoada para dar mais velocidade ao processo. Prefiro aguardar dados mais concretos para avaliar", afirmou Lawant, para quem "faltou muito a ser feito na faixa de três a dez salários mínimos".

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