Economia

Empresas precisam enfrentar mudança climática, diz Fórum Econômico Mundial

Estudo Riscos Globais 2020 adverte que companhias estarão sob crescente pressão dos consumidores e investidores para agir em relação às alterações do clima

Poluição: estudo apontou que prioridades ambientais estão subindo na agenda política e econômica (Chris Conway/Getty Images)

Poluição: estudo apontou que prioridades ambientais estão subindo na agenda política e econômica (Chris Conway/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 15 de janeiro de 2020 às 16h48.

Londres - As empresas de todo o mundo precisam enfrentar os riscos e aproveitar as oportunidades da crise climática para serem sustentáveis a longo prazo, afirmou nesta quarta-feira o presidente da consultoria Marsh & McLennan Insights, John Drzik, ao apresentar o relatório Riscos Globais 2020 do Fórum Econômico Mundial (FEM).

Segundo Drzik, as empresas precisam se adaptar aos efeitos da mudança climática na agricultura, na infraestrutura e nas linhas de abastecimento e também ajudar a combatê-los, por exemplo, reduzindo as emissões, dependendo do setor, ou através de investimentos considerados "verdes".

O estudo divulgado nesta quarta reflete as percepções de 750 especialistas sobre as principais ameaças ao mundo este ano e na próxima década. O pesquisador advertiu que as empresas estarão sob crescente pressão dos consumidores e investidores para agir.

"As prioridades ambientais estão subindo na agenda política, assim como o ativismo verde", destacou Drzik, que é especialista em seguros. "O custo da transição é alto, mas será maior se nada for feito", completou.

Peter Giger, analista de risco do Zurich Insurance Group, declarou que as empresas que querem sobreviver a longo prazo devem assumir a sua responsabilidade frente aos seus colaboradores e à sociedade.

Segundo os dois especialistas, as empresas devem rever seus modelos de negócios, tornar-se resistentes à mudança climática, ouvir os seus investidores e adaptar-se às novas preferências dos consumidores. Em troca, terão novas oportunidades, como mercados de energia e alimentos em expansão e de produtos financeiros e seguros que possam atender a novas necessidades.

O relatório do FEM, que será discutido na cúpula da próxima semana, em Davos, na Suíça, diz que os efeitos da crise climática são o maior risco global na próxima década, enquanto neste ano é o confronto econômico entre os poderes e a polarização política interna dos países.

Pela primeira vez nesse estudo, os cinco riscos dominantes a longo prazo entre dez estão relacionados com as alterações climáticas.

A curto prazo, 78,5% dos analistas ouvidos acreditam que o risco de confrontação econômica aumentará em 2020; 78,4% acreditam que a polarização política aumentará; 77,1% preveem ondas de calor extremas; 76,2% temem a destruição de ecossistemas e recursos naturais e 76,1% preveem aumento no número de ciberataques.

O relatório apela a um maior multilateralismo e cooperação entre os líderes para diminuir os riscos enfrentados pelo planeta, o que, segundo o documento, também exige a promoção da equidade e do crescimento sustentável.

Questionado se o Fórum de Davos não demonstrou hipocrisia ao reunir empresários bilionários que muitas vezes voam em aviões privados, o diretor-gerente, Adrian Monck, contestou a afirmação.

"A maioria dos participantes chegará de trem, e outras medidas foram tomadas para garantir a sustentabilidade da cúpula", garantiu. "Não haveria nada pior do que uma organização identificar um risco e depois não fazer nada a esse respeito", acrescentou.

Sobre o que o FEM vai fazer diante do ceticismo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à crise climática, o mandatário da associação, Borge Brende, limitou-se a afirmar que na reunião exclusiva nos Alpes suíços Trump terá acesso a informações e discussões sobre o assunto.

Acompanhe tudo sobre:ClimaFórum Econômico MundialMudanças climáticas

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo