Economia

Empresas na Europa avaliam se há espaço para subir preços

Perspectivas de recuperação total no poder de ajuste de preços são amenizadas por campanhas de imunização muito mais lentas e o legado de milhões de demissões durante a crise

 (Gonzalo Fuentes/Reuters)

(Gonzalo Fuentes/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 12h42.

Empresas na Europa com foco no consumidor enfrentarão um dilema quando a pandemia passar: devem aproveitar a esperada aceleração da atividade para aumentar os preços?

É provável que haja uma corrida para a reabertura de salões de beleza, restaurantes e agências de turismo quando as restrições da pandemia terminarem, o que deve liberar a demanda reprimida e uma pilha de dinheiro acumulado após mais de um ano em que consumidores se viram obrigados a economizar.

Alguns economistas acham que isso deve causar um salto dos preços ao consumidor, pois empresas de transporte a lazer começariam a cobrar mais. Os rendimentos dos títulos, uma referência do risco de inflação, estão em alta globalmente. Números divulgados na semana passada mostraram alta das vendas no varejo nos Estados Unidos e aceleração dos preços no Reino Unido, onde ambos os países estão adiantados nas vacinações.

Embora dados a serem divulgados na terça-feira possam até mostrar inflação mais acelerada em quase um ano, com previsão de 0,9% de economistas, as perspectivas de recuperação total no poder de ajuste de preços são amenizadas por campanhas de imunização muito mais lentas e o legado de milhões de demissões durante a crise.

“A situação é estranha - vivemos com esperança e ansiedade ao mesmo tempo”, disse Christos Paschos, hoteleiro na ilha grega de Amorgos, que cortou os preços das diárias em até 15% no ano passado para cobrir despesas. “No momento, consideramos deixar os preços no mesmo nível de 2020. Precisamos ver a demanda primeiro.”

Economistas falam de uma recuperação em forma de K, onde alguns setores ou países se recuperam e outros permanecem moribundos. A ajuda fiscal nacional varia muito, e os planos para gastar os fundos de recuperação da União Europeia ainda estão sendo apresentados.

Ao mesmo tempo, alguns provedores de serviço dizem que terão pouca escolha a não ser aumentar os preços se quiserem sobreviver, pois muitas empresas voltadas para o consumidor operam com margens de lucro baixas e dependem do volume.

O argumento de que os preços podem subir muito mais do que o esperado após a pandemia se apoia na ideia de que governos e bancos centrais injetaram muito dinheiro no sistema por meio de programas de licença e compra de títulos. É um debate já presente com os fortes ganhos das criptomoedas e impulso liderado por investidores de varejo via plataforma Reddit.

O acúmulo de economias entre consumidores que conseguiram continuar recebendo salários sem ter com que gastar durante as restrições da pandemia seria um exemplo, caso se materialize em gastos mais elevados e sustentados. Análise de Maeva Cousin, da Bloomberg Economics, estima 300 bilhões de euros (US$ 248 bilhões) a mais do que o normal depositados em contas bancárias no ano passado.

 

De 0 a 10 quanto você recomendaria Exame para um amigo ou parente?

 

Clicando em um dos números acima e finalizando sua avaliação você nos ajudará a melhorar ainda mais.

Acompanhe tudo sobre:InflaçãoPandemiaPreçosReajustes de preçosServiçosUnião Europeia

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês