Economia

Empresas devem ser mais agressivas após domínio da Odebrecht

Companhias devem adotar postura mais agressiva nas próximas licitações, após a Odebrecht Transport ter levado duas importantes concessões

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 16h46.

São Paulo - As empresas derrotadas nos últimos leilões de logística do governo federal devem adotar postura mais agressiva nas próximas licitações, após a Odebrecht Transport ter levado duas importantes concessões --um aeroporto e uma rodovia-- com propostas consideradas ousadas e que surpreenderam.

Embora muitos analistas tenham avaliado como positiva a postura de companhias listadas na Bovespa de não comprometer seus balanços até aqui, há quem acredite que a necessidade de adicionar novos ativos ao portfólio leve algumas delas a se tornar mais agressivas.

Além disso, no caso das rodovias o governo refez o cronograma de licitações e está priorizando os ativos considerados mais atrativos --ou seja, quem ficar fora agora terá que se contentar com trechos mais complexos de estradas e com possível retorno financeiro menor.

A subsidiária do grupo Odebrecht venceu em 22 de novembro a disputa pelo aeroporto do Galeão (RJ) com um lance de 19 bilhões de reais, quase quatro vezes o lance mínimo e mais de 30 por cento superior à segunda melhor oferta. E arrematou em 27 de novembro trecho da BR-163 (MT) com deságio de 52 por cento sobre o pedágio máximo definido pelo governo.

"O que surpreendeu foi eles levarem Galeão e logo depois darem um deságio agressivo pela rodovia", disse o analista Bruno Di Giacomo, do Banco Fator. "O sucesso dos leilões fomenta o interesse das outras companhias. Agora pode-se esperar uma postura mais agressiva das outras companhias." A Triunfo Participações --que administra aeroportos, portos e rodovias, além de ter ativos de energia-- possui três concessões de estradas no Sul e Sudeste com vencimento já entre 2017 e 2021, segundo dados da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

"A Triunfo só tem três rodovias, com prazo muito curto. Acredito que a empresa vai vir pesado nos próximos leilões", afirmou um analista que não quis se identificar.

Além da Triunfo, o analista acredita que a Invepar deve vir de forma mais agressiva para incorporar mais estradas a seu portfólio, que atualmente inclui a concessão das rodovias Raposo Tavares (SP) e Santos Dumont (RJ).

O analista Gabriel Ribeiro, da Um Investimentos, também vê uma presença mais forte da Triunfo nas próximas licitações. "Tem essa questão das concessões que ela tem... É mais compreensivo ela ser mais agressiva", afirmou.


Ainda assim, Ribeiro ressaltou que, se a Triunfo exagerar nos próximos leilões, isso "não será bem-visto pelo mercado".

A visão dos analistas é confirmada pelo presidente da Triunfo, Carlo Bottarelli. Após sair derrotado da licitação do trecho da BR-163, ele disse à Reuters que participará do leilão da BR-060/153/262 (DF/GO/MG) em 4 de dezembro, e não desistirá "até subir e bater a campainha (de encerramento do leilão)".

Já Arteris e Ecorodovias devem manter um comportamento mais conservador. A primeira por estar focada em cumprir investimentos na Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, e a segunda por enfrentar desafios em portos sob sua concessão.

A entrega das propostas para o leilão da BR-060/153/262 está marcada para 2 de dezembro.

Há ainda outras duas licitações de estradas marcadas para 2013: o trecho da BR-163 no Mato Grosso do Sul em 17 de dezembro e a BR-040 (DF/GO/MG) em 27 de dezembro.

Riscos

O sucesso nos leilões dos aeroportos do Galeão e de Confins (MG) e do trecho da BR-163 foi comemorado pelo governo da presidente Dilma Rousseff, que teve confiança minada pelo fracasso da licitação da BR-262 (ES-MG) em setembro, embora na época o leilão da BR-050 (GO/MG) tenha resultado em um deságio acima de 40 por cento.

Ainda assim, há quem veja as vitórias da Odebrecht com cautela.

"Alguns investidores podem demonstrar receio de que uma crescente proporção dos planos de infraestrutura de longo prazo do Brasil estão, pelo menos parcialmente, dependentes da adequação de capital de apenas uma empresa", escreveram em relatório analistas do Citi.

A Odebrecht, um dos maiores grupos privados do país, já demonstrou interesse por outros projetos como portos e ferrovias, acrescentou o Citi.

Em coletiva de imprensa após o leilão do trecho da BR-163, o diretor de rodovias da Odebrecht, Renato Mello, afirmou apenas que o grupo sempre "irá atrás de bons projetos" e que tem foco na região Centro-Oeste.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas brasileirasLeilõesNovonor (ex-Odebrecht)Setor de transporteTransporte e logística

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups