Economia

Empresas da China, Índia e Irã sondam setor de refino no Brasil

Segundo o diretor da ANP, os representantes das empresas cujos nomes não foram revelados buscam informações sobre o mercado brasileiro

Petróleo: para o diretor da ANP, o Brasil tem condições para atrair investimentos no setor (Sergio Moraes/Reuters)

Petróleo: para o diretor da ANP, o Brasil tem condições para atrair investimentos no setor (Sergio Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de junho de 2017 às 22h16.

Rio de Janeiro - A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) tem sido procurada por empresas chinesas, indianas e iranianas com interesse em investir no setor de refino no Brasil nos próximos anos, em parceria com a Petrobras ou em novos projetos, disse nesta terça-feira o diretor da autarquia Aurélio Amaral.

Segundo ele, os representantes das empresas cujos nomes não foram revelados buscam informações sobre o mercado brasileiro, em especial sobre a política de preços da Petrobras, que no ano passado passou a adotar reajustes mais frequentes para dar transparência sobre suas decisões relacionadas a preços.

Amaral revelou que alguns desses interessados chegaram a citar preocupações com o controle de preços adotado no passado pela Petrobras, o que acabou afetando as finanças da companhia.

"Fomos procurados por grandes grupos chineses, empresas indianas e até iranianas e da Ásia em geral que olham o refino no Brasil como algo interessante", declarou Amaral a jornalistas em evento no Rio de Janeiro.

Segundo ele, o Brasil tem condições para atrair investimentos no setor, como demanda interna e produção relevante de petróleo.

"Alguns (grupos) procuram para refino novo (novos projetos) e outros pensando em investimento em parceria... mas um grande fator a ser resolvido é a questão do preço. A política de preços tem que se consolidar para as empresas olharem com carinho para Brasil", acrescentou.

A Petrobras já manifestou a possibilidade de vender ativos de refino.

Tradicionalmente, o investimento em refino é considerado na indústria do petróleo como elevado e de baixo retorno. A Petrobras é praticamente monopolista no mercado de refino nacional.

Antes do escândalo de corrupção investigado pela Lava Jato, a Petrobras pretendia construir novas refinarias no país. Duas delas, as "Premium", seriam erguidas no Ceará e no Maranhão, mas as obras pararam logo após os desdobramentos das investigações.

A Petrobras construiu uma nova unidade no Nordeste, a refinaria Abreu e Lima, um dos focos do escândalo de corrupção. Mas até agora só inaugurou o "primeiro trem" da unidade.

As obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), igualmente envolvidas na corrupção, também foram paralisadas após consumirem bilhões dos cofres da companhia.

O diretor da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Mauro Coelho, também presente no evento, confirmou que empresas asiáticas e iranianas sondaram representantes do governo sobre a política de preços da Petrobras e quiseram saber se ainda haveria um "tabelamento de preços de diesel e gasolina no Brasil".

A crise política também esteve na pauta dessa sondagens.

O Plano Decenal 2017-2026, a ser lançado no segundo semestre, não prevê a entrada em operação da unidade de refino do Comperj ao longo dos próximos anos, segundo o diretor da EPE, órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia.

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