Indústria: o rendimento médio real dos empregados da indústria, que caiu 0,8% no dado na margem, 0,6% no dado anual e 0,2% no primeiro trimestre, deverá apresentar resultados negativos nos próximos meses (Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2015 às 13h38.
Brasília - O nível de emprego na indústria da transformação recuou 0,8% em março na comparação com fevereiro (dado dessazonalizado) e 4,5% ante o mesmo mês do ano passado. No trimestre, a baixa é de 3,9% ante os três primeiros meses de 2014. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 05, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Já o número de horas trabalhadas caiu 0,9% em março sobre fevereiro e recuou 5,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No trimestre, a queda é de 8,5%.
A massa salarial, por sua vez, registrou baixa de 1,4% pelo dado dessazonalizado de fevereiro para março e queda de 5,0% na comparação com os meses de março de 2014 e 2015.
Essa queda da massa salarial, conforme a CNI, é a mais forte desde 2013 e se dá devido ao "expressivo ajuste" no quadro de trabalhadores.
O pior, de acordo com a entidade, é que o rendimento médio real dos empregados da indústria - que caiu 0,8% no dado na margem, 0,6% no dado anual e 0,2% no primeiro trimestre - deverá apresentar resultados negativos nos próximos meses.
"Dada a dificuldade de reverter o cenário adverso no curto prazo, é provável que o rendimento médio dos trabalhadores da indústria continue caindo ao longo de 2015", informa o boletim Indicadores Industriais, divulgado pela CNI aos jornalistas.
Tendência
O gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, resumiu o documento como uma pesquisa com números "não muito alentadores". A tendência de queda da atividade, que já vinha sendo vista há algum tempo, se intensificou neste primeiro trimestre de 2015, segundo ele.
"Os números sinalizam uma travessia difícil para o setor industrial, que é o mais afetado da economia", considerou.
Castelo Branco avaliou que as medidas de ajuste promovidas pelo governo têm um impacto negativo, em um primeiro momento, sobre custos. O atual ciclo de alta dos juros também reduz a demanda das famílias e das empresas. "Há todo um ambiente desfavorável", resumiu.
O setor também sente reflexo de competitividade, quer no Brasil ou fora, em relação aos produtos internacionais. A pesquisa da CNI, também de acordo com o gerente-executivo, revela que o mercado de trabalho mostra agora os efeitos negativos com bem mais intensidade. Ele salientou ainda que o uso da capacidade instalada voltou para o mesmo patamar de março do ano passado, quando estava constante há alguns meses.