Cisne negro: relatório aponta os riscos positivos e negativos para a economia global (DickDaniels/Wikimedia Commons)
João Pedro Caleiro
Publicado em 11 de setembro de 2013 às 13h18.
São Paulo - A Société Générale, empresa financeira com sede na França e filiais ao redor do mundo (inclusive no Brasil), lança a cada trimestre seu relatório com um panorama geral dos riscos e oportunidades da economia global. Um dos destaques é a tabela dos "cisnes negros", com fatores relativamente improváveis mas que podem afetar o crescimento de forma decisiva.
Na última edição, lançada esta semana, a possibilidade de uma crise dos países emergentes potencializada por um choque dos títulos americanos ficou em primeiro lugar: "os riscos claramente se movimentaram para pior e notavelmente para os BIITS (Brasil, Índia, Indonésia, Turquia e África do Sul)."
O SG vê uma "divisão aguda entre os forçados a lutar contra a inflação e os que podem se permitir apoiar o crescimento", mas nota que "melhores balanços devem ajudar a evitar uma nova crise ampla".
A diferença desta vez em relação a crises anteriores, diz o SG, é que os emergentes se protegeram guardando reservas e transformando suas dívidas do dólar para moedas locais.
Os "cisnes negros" são, em ordem de possibilidade crescente, tensão geopolítica, um ajuste severo na China e a já citada crise dos emergentes. Os "cisnes brancos", também em ordem crescente de possibilidade, são uma resolução rápida da crise do euro, uma política expansionista agressiva na China e uma pausa na austeridade europeia.
De forma geral, a Société Générale considera que a recuperação americana é sólida e que os esforços do Japão estão dando resultados animadores. Já na Europa, os sinais são positivos mas frágeis, porque "uma recuperação sustentada exige uma política sustentada".
Brasil
Uma tabela elenca 10 obstáculos para uma recuperação sustentável, de condições de crédito ao impacto dos atos do FED e da desaceleração chinesa, e soma o peso de cada fator para cada local. Entre 18 países, o Brasil apresenta o risco mais alto, seguido por Espanha, Itália e China.
O relatório também dedica um box de uma página para tentar explicar porque a moeda brasileira depreciou mais que a de seus colegas emergentes, apontando o alto déficit em conta corrente como principal fator. O SG também nota que a pressão inflacionária brasileira é mais estrutural e continuou vigorosa mesmo com a desaceleração da economia, que começou antes do que em outros emergentes.