Emergentes: essas economias têm sido afetadas pela queda dos preços das matérias-primas, a redução no ritmo de investimentos e no comércio (REUTERS/Mikhail Klimentyev/RIA Novosti/Kremlin)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2016 às 13h47.
As economias emergentes, até pouco tempo atrás estrelas do crescimento mundial, exibem agora "sinais de perigo" em meio ao sombrio panorama mundial e à queda dos preços das matérias-primas, informou nessa terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em seu relatório "Panorama da Economia Mundial", o FMI reduziu suas previsões de crescimento para o conjunto das economias emergentes em 0,2%, a 4,1% para este ano de 2016. Para 2017 há um corte de 0,1%, a 4,6% para esses países, entre eles Brasil, Rússia, China e Índia.
"Embora o crescimento dos mercados emergentes e em desenvolvimento ainda represente boa parte do crescimento para todo o mundo em 2016, há desigualdades entre países e, em geral, (este crescimento) é mais frágil do que há duas décadas" indica o relatório.
Essas economias têm sido afetadas pela queda dos preços das matérias-primas, a redução no ritmo de investimentos e no comércio, explica o FMI.
"Alguns países, entre eles o Brasil (-3,8% de crescimento previsto para 2016, igual ao ano anterior) e a Rússia (-1,8%, -3,7% em 2015) , continuam imersos em profundas recessões", aponta o organismo multilateral.
A China, gigante emergente e segunda maior economia do mundo, desacelerou seu crescimento (6,5% previsto em 2016, contra 6,9% no ano passado) após vários anos de crescimento a dois dígitos, em torno dos 10%.
Esse freio na economia chinesa "amputou claramente o crescimento do investimento mundial (...) e reduziu o comércio mundial", assegura o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld
"O aumento das saídas líquidas de capital dos países emergentes poderá gerar novas depreciações das moedas desses países", adverte o economista do FMI.
Por outro lado, a Índia representa o "aluno brilhante", com uma previsão de crescimento para 2016 de 7,5%, dois décimos a mais do que em 2015.
Interconexão
"Basicamente, todos nos vemos afetados, e o que acontece em uma região tem consequências em outra", afirma Obstfeld em uma declaração gravada em que pedem que os políticos "atuem agora" contra um crescimento persistentemente fraco.
A brutal queda dos preços do petróleo afetou os países emergentes e em desenvolvimento que são exportadores, e que tiveram que cortar gastos devido à redução das suas receitas, lembra o FMI.
Essa situação fica particularmente explícita no caso da Venezuela, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e afundada em uma crise política e econômica.
O FMI prevê uma profunda queda do seu PIB para 2016 (-8%, depois de -5,7% em 2015) e para 2017 (-4,5%)
As previsões de crescimento para os demais países emergentes e em desenvolvimento da Ásia são sólidas (Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas, Vietnã), com uma média de 6% em 2016 (5,9% em 2015), e 6,3% para 2017.
As estimativas para os países africanos são menos generosas. também por causa da queda dos preços das matérias-primas e das condições globais de financiamento mais rigorosas, segundo o FMI.
O crescimento médio esperado nos países subsaarianos será "fraco" em 2016, de 3% (contra 3,4% em 2015).
Nesse continente, a queda dos preços do petróleo afetaram a Nigéria, cujo crescimento esperado pelo FMI em 2016 será de 2,3%, quatro décimos a menos do que em 2015 (2,3%).
Na África do Sul, outro grande país emergente, o crescimento ficaria reduzido à metade em 2016, a 0,6% (contra 1,3% em 2015), devido à queda das exportações e às incertezas políticas.