Economia

Emergentes crescerão ainda menos em 2015, segundo o FMI

Já nos países avançados, a projeção é de que a expansão potencial aumente, mas não para o nível que tinha antes da crise de 2008


	FMI: para evitar que o crescimento siga fraco, o fundo recomenda que os governos priorizem políticas para estimular o crescimento
 (AFP/ Saul Loeb)

FMI: para evitar que o crescimento siga fraco, o fundo recomenda que os governos priorizem políticas para estimular o crescimento (AFP/ Saul Loeb)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2015 às 14h48.

Nova York - O crescimento potencial dos países emergentes, que vem se desacelerando nos últimos anos, deve cair ainda mais no futuro próximo, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um estudo divulgado nesta terça-feira, 7, que faz parte do relatório Perspectiva Econômica Global.

Já nos países avançados, a projeção é de que a expansão potencial aumente, mas não para o nível que tinha antes da crise de 2008.

Para evitar que o crescimento siga fraco, o FMI recomenda que os governos priorizem políticas para estimular o crescimento potencial, tanto de países emergentes como de avançados.

O estudo ressalta que as medidas e reformas necessárias variam em cada país, mas para o bloco dos emergentes, maior gasto com investimento em infraestrutura é crítico para remover gargalos que impedem uma maior expansão da atividade.

Além disso, reformas estruturais são essenciais para melhorar o ambiente de negócios e estimular o investimento privado, que também vem caindo nos últimos anos.

Nos mercados desenvolvidos, uma das recomendações é de políticas de estímulo à demanda, além de reformas de mercado, incluindo estímulo à pesquisa.

Para o estudo e o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) potencial, o FMI avaliou 16 países, incluindo o Brasil, México e a China, entre os emergentes, e Estados Unidos, França e Reino Unido, entre os desenvolvidos. O crescimento potencial é a taxa que os países crescem utilizando plenos recursos e sem acelerar a inflação.

No caso dos emergentes, a conclusão dos técnicos do FMI não é muito animadora. Depois de um crescimento potencial de 6,5% entre 2008/2014, a taxa deve cair para 5,2% entre 2015/2020.

Na China, a redução pode ser ainda maior por causa do rebalanceamento interno na política econômica, com Pequim querendo dar mais peso ao consumo doméstico e menos às exportações, ressalta o relatório.

No primeiro mundo, ao contrário, a taxa deve subir de 1,3% de 2008/2014 para 1,6% entre 2015/2020. Mesmo com a melhora, o nível de crescimento potencial deve ser menor do que era antes da crise financeira mundial, quando os países desenvolvidos tinham expansão potencial média de 2,2%.

O declínio no PIB potencial dos países emergentes é explicado, de acordo com o estudo principalmente pela falta de investimentos em infraestrutura, baixa produtividade e pelo envelhecimento da população.

Antes da crise de 2008, a expansão potencial deste bloco de países cresceu justamente porque ocorreram transformações estruturais, ressalta o estudo.

Brasil e China são citados como exemplos de países em que o envelhecimento da força de trabalho deve se acelerar nos próximos anos. Nos países desenvolvidos, a queda da produtividade é um dos fatores que explicam a piora do PIB potencial, que vem declinando desde antes da crise financeira mundial.

A discussão sobre crescimento potencial tem ganhado espaço nos estudos recentes de economistas e organismos multilaterais, depois que a economia mundial passou a contrariar previsões e apresentar números de expansão do PIB sempre abaixo do previsto.

As baixas taxas de crescimento levaram economistas, como o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, a falar em "estagnação secular", expressão que designa longos períodos de baixo crescimento, em geral com juros baixos e deflação.

O baixo crescimento potencial tem implicações na política econômica dos governos, destaca o FMI.

Nos países desenvolvidos, por exemplo, a menor taxa de expansão pode prolongar a permanência de juros zero, além de dificultar a redução dos níveis de endividamento público e privado. Nos emergentes, pode complicar a melhora de indicadores fiscais.

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