Economia

Emergentes continuam bastante vulneráveis ao contágio

Mercados continuam vulneráveis às mesmas vendas indiscriminadas de investidores assolados por pânico de 15 anos atrás


	Moedas argentinas: mesmo economias relativamente mais fortes como as do México e da Polônia agora sentem o calor vindo da Turquia e da Argentina
 (Juan Mabromata/AFP)

Moedas argentinas: mesmo economias relativamente mais fortes como as do México e da Polônia agora sentem o calor vindo da Turquia e da Argentina (Juan Mabromata/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 18h07.

Londres/Nova York/Cingapura - Os mercados emergentes não são de longe as pequenas e frágeis economias que caíram como dominós há 15 anos, mas continuam vulneráveis às mesmas vendas indiscriminadas de investidores assolados por pânico.

Até mesmo economias relativamente mais fortes como as do México e da Polônia agora sentem o calor vindo da Turquia e da Argentina. Por isso há dúvidas crescentes sobre se os mercados emergentes construíram qualquer imunidade a esse contágio.

O fogo que envolve o mundo em desenvolvimento está começando a se parecer com a crise que afetou as moedas de países asiáticos, da Rússia e da América Latina, que começou em 1997.

O vice-presidente de investimento global do fundo Fidelity, Dominic Rossi, compara a atual onda de desvalorização das moedas, ações e bônus a um filme antigo protagonizado por alguns dos maiores mercados emergentes.

"Nós já vimos esse filme antes", disse ele. "Um país emergente após o outro fica encalhado na praia com a maré se afastando. Primeiro os mais fracos, Argentina e Turquia, depois seguirão Brasil, Rússia e outros."

Os mercados emergentes foram inundados nos últimos anos pela enorme quantidades de dinheiro barato criado pelo Federal Reserve. Com o Fed reduzindo o programa de estímulo monetário, o fluxo está se invertendo e as moedas dos países com maiores problemas econômicos e políticos --Argentina e Turquia-- estão registrando forte desvalorização.


O comportamento dos investidores pode não ter mudado tanto assim em relação às crises do passado, apesar de muitas economias emergentes terem câmbio flexíveis e trilhões de dólares em reservas cambiais. Existem três razões principais pelas quais estes mercados poderiam sofrer novamente a fuga de capitais que os assolou durante a década de 1990.

A primeira é o volume de dinheiro injetado nos mercados em desenvolvimento ao longo da última década que supera de longe os montantes que fugiram no pânico há 15 anos.

Em segundo lugar, os empréstimos para os mercados emergentes tem ocorrido cada vez mais pelo mercado de bônus, ao invés dos empréstimos bancários diretos que dominava anteriormente e que envolveu a longo prazo relações entre os bancos, as empresas e os países.

Em terceiro lugar, o surgimento dos fundos de índices, os chamados Exchange Traded Funds (ETFs), na última década que aumentaram as entradas de recursos nos mercados emergentes, deixando-os cada vez mais vulneráveis a retiradas.

Então, para toda a transformação das economias emergentes, as classificações de crédito mais elevadas, maiores balanços e infraestrutura, os investidores ainda tendem a agrupar os países em desenvolvimento quando tem início um movimento de venda generalizada, afirmou o presidente-executivo da Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, à Reuters Television.

Blankfein disse que as pessoas analisam cuidadosamente um investimento contra outro na hora de entrar em um mercado, mas tomam decisões mais fáceis quando saem com pressa.

"Quando os tempos são bons, os mercados emergentes são como um negócio de crédito, nome por nome", disse ele. "Quando as coisas ficam ruins, esqueça os nomes, é um evento macro. Esqueça as diferenças, eles são todos os mercados emergentes."

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