Economia

Em segundo mandato de Trump, déficit do Brasil com EUA cresce 500% e chega a US$ 1,7 bilhão este ano

Levantamento mostra que americanos já têm vantagem com o Brasil nas trocas comerciais, antes mesmo da entrada em vigor de tarifa de 50% anunciada pela Casa Branca

O presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% em 9 de julho de 2025, visando o Brasil (Kazuhiro NOGI e Jim WATSON / AFP)

O presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% em 9 de julho de 2025, visando o Brasil (Kazuhiro NOGI e Jim WATSON / AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 11 de julho de 2025 às 12h31.

Última atualização em 11 de julho de 2025 às 13h00.

O déficit comercial do Brasil em relação aos Estados Unidos alcançou US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre deste ano, um aumento de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024, mostra a mais recente edição do Monitor do Comércio Brasil-EUA, divulgado nesta sexta-feira pela Amcham Brasil.

A divulgação do relatório ocorre em meio à preocupação com a decisão do governo de Donald Trump de elevar para 50% as tarifas sobre as exportações brasileiras, com vigência prevista para 1º de agosto.

EUA ganham mais espaço nas importações brasileiras

Entre janeiro e junho de 2025, a corrente de comércio entre Brasil e Estados Unidos cresceu 7,7% no período, somando US$ 41,7 bilhões — o segundo maior valor da série histórica.

As exportações brasileiras aumentaram 4,4%, totalizando US$ 20 bilhões, com destaque para carne bovina (+142%), sucos de frutas (+74%), café não torrado (+39%) e aeronaves (+12,1%).

Por sua vez, as importações brasileiras de produtos americanos cresceram em ritmo mais acelerado, com alta de 11,5%, somando US$ 21,7 bilhões. Como consequência, os Estados Unidos registraram um superávit de US$ 1,7 bilhão no período.

O presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto, afirma que os resultados do primeiro semestre de 2025 evidenciam a relevância do comércio bilateral para ambas as economias. Mas, apesar do desempenho geral positivo das exportações brasileiras no primeiro semestre, o relatório destaca que setores estratégicos já começam a apresentar retração nas vendas aos Estados Unidos como consequência direta das tarifas hoje em vigor.

Dentre os dez principais produtos que tiveram queda nas exportações, oito deles estão sujeitos a aumentos tarifários, como celulose (-14,9%), motores (-7,6%), máquinas e equipamentos (-23,6%), manufaturas de madeira (-14,0%) e autopeças (-5,6%).

Esforço diplomático para evitar nova escalada tarifária

Diante da perspectiva de elevação das tarifas para 50% a partir de 1º de agosto, a Amcham Brasil reitera a urgência de um esforço diplomático coordenado entre ambos os governos, em busca de uma solução pragmática e equilibrada para evitar nova taxação.

O risco de impactos severos sobre empregos, investimentos e cadeias produtivas integradas exige uma resposta pautada em diálogo, previsibilidade e racionalidade.

“Estamos diante de um grave cenário que pode inviabilizar boa parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos, sobretudo de bens industriais, com prejuízos para ambas as economias. O caminho deve ser o entendimento, que sempre caracterizou as relações entre Brasil e Estados Unidos”, conclui, em nota, Abrão Neto.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpTarifasEstados Unidos (EUA)BrasilGoverno Lula

Mais de Economia

Milei afirma que Argentina está negociando novo empréstimo com o Tesouro dos Estados Unidos

Sindicato convoca assembleias regionais contra mudança no estatuto do IBGE

Operação Cadeia de Carbono ataca fraudes já estruturadas no país, diz ministro Fernando Haddad

Receita deflagra operação contra lavagem de dinheiro e fraudes no setor de combustíveis