Economia

Em resposta a Trump, China promete abertura comercial

Xi Jinping prometeu que reduzirá este ano as tarifas para os carros, entre outras medidas destinadas a amenizar a guerra comercial com os EUA

Xi: o presidente se comprometeu a abrir o mercado chinês, aumentar as importações e proteger os direitos de propriedade intelectual (Damir Sagolj/Reuters)

Xi: o presidente se comprometeu a abrir o mercado chinês, aumentar as importações e proteger os direitos de propriedade intelectual (Damir Sagolj/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de abril de 2018 às 06h31.

Última atualização em 10 de abril de 2018 às 06h42.

O presidente chinês Xi Jinping prometeu nesta terça-feira que reduzirá este ano as tarifas para os carros, entre outras medidas destinadas a abrir a economia do país, em uma resposta indireta a uma das principais críticas dos Estados Unidos na disputa comercial entre as duas potências.

"A China vai entrar em uma nova fase de abertura", declarou Xi em discurso para altos dirigentes internacionais reunidos no Fórum de Boao para a Ásia, uma conferência conhecida como o "Davos chinês".

"A China não está tentando obter um excedente comercial", garantiu Xi, no momento em que os Estados Unidos acumulam um imenso déficit com o gigante asiático, que totalizou 375 bilhões de dólares em 2017, um dos principais motivos de queixa do presidente americano, Donald Trump, a respeito de Pequim.

Depois que Donald Trump ameaçou adotar tarifas de importação sobre produtos chineses no valor de 150 bilhões de dólares, Xi se comprometeu a abrir o mercado chinês, aumentar as importações e proteger os direitos de propriedade intelectual.

"A globalização econômica é uma tendência irreversível no momento", declarou Xi no fórum.

"A porta da China está se abrindo e não se fechando, e se abrirá mais e mais", acrescentou, antes de anunciar uma redução significativa das tarifas para os carros este ano e novas medidas para proteger a propriedade intelectual.

Xi anunciou as mudanças em uma das áreas mais citadas nas reivindicações do presidente americano.

"Quando um carro é enviado para os Estados Unidos a partir da China, há uma tarifa que deve ser paga de 2 1/2%. Quando um carro é enviado para a China a partir dos Estados Unidos, a tariga a ser paga é de 25%", escreveu Trump no Twitter na segunda-feira.

Trump também voltou a criticar os acordos comerciais dos Estados Unidos, que chamou de "horríveis", e disse que o país "sairá mais forte" ao final das negociações.

O presidente americano acusa Pequim de práticas comerciais desleais, especialmente de "roubo de propriedade intelectual" e pela "transferência forçada de tecnologia", que resultaram no colossal déficit comercial, acusações rejeitadas por Pequim.

Sem responder diretamente a Trump, Xi prometeu que a China reduziria as tarifas para os carros e outros bens, sem apresentar detalhas ou revelar uma data para a entrada em vigor da reforma.

As restrições de Pequim para os investimentos estrangeiros no setor automobilístico obrigam as empresas a formar associações com grupos locais e a compartilhar sua tecnologia.

Elon Musk, presidente da fabricante de carros elétricos Tesla, pediu a ajuda de Trump para resolver a questão ao citar os problemas que sua empresa enfrenta para produzir na China.

Xi prometeu "flexibilizar rapidamente as restrições para a participação estrangeira, especialmente as restrições para os investimentos estrangeiros na indústria do automóvel".

O presidente chinês também prometeu medidas específicas para proteger a propriedade intelectual.

"Este ano, vamos reorganizar a Agência Estatal de Propriedade Intelectual para fortalecer a aplicação da lei", afirmou.

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