América Latina: Comissão Econômica tem más notícias sobre crescimento da economia da região (fidalgo_dennis/Flickr)
AFP
Publicado em 31 de julho de 2019 às 17h02.
A América Latina crescerá apenas 0,5% este ano, abaixo do 1,3% estimado em abril, devido a uma deterioração generalizada na maioria dos países, especialmente da América do Sul, segundo previsões da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgadas nesta quarta-feira (31). Para o Brasil, o organismo prevê uma expansão fraca, de 0,8%.
A região está mergulhada em "incerteza e desaceleração (...), já são cinco anos de desaceleração econômica. Este é um assunto de enorme preocupação", alertou a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, ao apresentar o relatório em Santiago.
O colapso da economia venezuelana, que deve recuar 23% neste ano, é o principal motor da queda na região. Em meio a uma profunda crise política, o país caribenho arrasta para baixo a América do Sul, que também sofre com o recuo previsto de 1,8% na Argentina.
Um cenário global desfavorável - com fortes quedas nos preços das commodities - e o baixo dinamismo do mercado interno na maioria dos países são um peso para a região, que concluiu 2018 com uma expansão de 0,9%.
"Diferentemente de anos anteriores, em 2019 a desaceleração será generalizada e afetará 21 dos 33 países da América Latina e do Caribe. Em média, espera-se que a América do Sul cresça 0,2%, a América Central 2,9% e o Caribe 2,1%", aponta o relatório da Cepal.
Além das recessões na Argentina e na Venezuela, o crescimento fraco estimado para o Brasil ficaria longe do dinamismo das economias do Peru, da Colômbia e do Chile, com expansões de 3,2%, 3,1% e 2,8%, respectivamente.
Embora não seja tão afetado quanto sua vizinha Argentina, a previsão de crescimento para o Brasil, maior economia da América Latina, é de apenas 0,8%.
A queda dos investimentos, especialmente no setor da mineração, e a crise da Argentina afetam o plano econômico no primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro.
Na terra dos "hermanos", para onde espera-se uma retração de 1,8%, "há uma incerteza pelas próximas eleições presidenciais" que, no fim do ano, decidirão se o presidente de direita Mauricio Macri continua no poder, ou entrega o governo à esquerda, explicou Bárcena.
A Cepal espera que a inflação desacelere na Argentina nos próximos meses, mas sem deixar de ter um nível elevado, que afeta a estabilidade a médio prazo.
Na América do Norte, destaca-se a fraca expansão do México, em meio a uma relação conflituosa com os Estados Unidos. Contudo, a Cepal acha provável que a economia mexicana recupere sua força nos próximos meses.
De forma geral, Bárcena caracterizou o crescimento econômico de toda a região como "muito medíocre", à exceção da América Central, que crescerá 2,9% graças ao vigor das remessas enviadas do exterior.
Em uma região com espaço fiscal restrito, com níveis de renda insuficientes para cobrir os gastos públicos, a profunda crise na Venezuela - uma das maiores da região - explica grande parte da deterioração latino-americana.
A economia venezuelana enfrenta seu sexto ano de retração somada à hiperinflação, porque "toda a questão das sanções, restrições e seus efeitos sobre o comércio exterior está batendo muito forte", com as exportações que caindo "brutalmente", comentou Bárcena.
Parte da comunidade internacional, especialmente o governo norte-americano de Donald Trump, impôs sanções contra o Executivo liderado por Nicolás Maduro, que permanece no poder em meio à crescente deterioração econômica e social que nos últimos anos causou a saída de cerca de 3,3 milhões de pessoas do país.