Economia

Em Brasília, empresários pressionam governo por reformas

Setor empresarial e financeiro reclamaram de demora no envio das reformas tributária e do serviço público

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: governo ainda não enviou ao Congresso suas propostas de reforma tributária e do serviço público (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: governo ainda não enviou ao Congresso suas propostas de reforma tributária e do serviço público (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 7 de março de 2020 às 12h28.

São Paulo — Na semana em que o dólar bateu recordes de altas sucessivas e foi anunciado o crescimento magro de 1,1% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, empresários e banqueiros reuniram-se três vezes, entre quinta-feira e ontem, com o alto escalão do governo para pressionar pela aprovação de novas reformas.

Na quinta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participou de reuniões pela manha e à tarde com dois grupos diferentes de industriais e banqueiros para discutir uma agenda de propostas para acelerar o crescimento do País.

No encontro organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o presidente Jair Bolsonaro esteve presente e pediu sugestões da iniciativa privada sobre como o governo pode acelerar essa agenda. Novos encontros já estão agendados.

No mesmo dia, Guedes participou de uma outra rodada de conversas com um grupo seleto da industriais que fazem parte do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que fez uma cobrança de da reforma tributária mais substancial, alinhada à PEC 45.

Ontem, Guedes se sentou com representantes da indústria no Rio, que formam o grupo Coalizão Indústria. Novamente, as entidades empresariais saíram em defesa da aprovação da reforma tributária como condição imprescindível para destravar o crescimento da economia. Em conversa com a imprensa, eles ainda se mostraram insatisfeitos com a oscilação excessiva do dólar, que afeta setores importadores de insumos.

"A maior prioridade da Coalizão é a retomada do crescimento econômico", afirmou Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, que participou do encontro junto com associações industriais de outros setores.

Estado enxuto

Lopes defendeu também a aprovação da reforma administrativa para cumprir a promessa de redução do gasto do governo e enxugamento da máquina pública. Os empresários disseram que têm mantido conversas constantes com a equipe econômica, mas também com congressistas sobre a urgência da aprovação da reforma tributária.

"O fato de o Congresso ter assumido a liderança na discussão dessas questões é extremamente bem-vindo. É uma condição que dá esperança enorme de que essas questões vão avançar porque é lá que essas questões vão caminhar", disse Lopes.

O Estadão/Broadcast conversou com cinco empresários que estiveram com Guedes nos encontros em São Paulo. Há divergências entre os grupos sobre o tamanho da reforma tributária. Um empresário, que falou sob reserva, vê um desalinhamento entre Executivo e Congresso em relação ao tema e demonstrou preocupação também com o discurso de Guedes, que ainda não desistiu de retomar a CPMF.

"Essa proposta é rejeitada pela maioria dos empresários", disse. Esse industrial também participou no início de fevereiro de um jantar em São Paulo com Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e outros empresários para discutir as reformas.

Flávio Rocha, dono da Riachuelo, que esteve na Fiesp, disse que os empresários tiveram a oportunidade de falar sobre problemas que enfrentam. Em seu caso, Rocha disse ao ministro que a reforma administrativa deveria ser priorizada, em detrimento da tributária. Segundo ele, a proposta da reforma tributária em tramitação teria vícios de origem por ter sido patrocinada por bancos e grandes indústrias.

"O setor que representa 80% dos empregos - o de serviços - não foi escutado", disse ele. "Por isso, precisamos ampliar a discussão."

Outro empresário do setor industrial disse ter entrado na reunião "desesperançoso e desanimado", mas se surpreendeu com o encontro. Além de a reunião ter demorado cinco horas, ele disse que o ministro os escutou, endereçou os problemas e prometeu soluções até o próximo encontro, ainda sem data marcada. "Já participei dos outros conselhos e nunca tive a chance de falar em detalhe e ser ouvido e perguntar."

Outro nome importante da indústria confirmou que o ministro tratou de uma agenda micro e macroeconômica. "Com relação à permanência de Paulo Guedes, nem falamos entre nós, e nem aventamos qualquer mudança", disse. "Não há plano B. Ele segue com equipe boa, fazendo o que pode neste ambiente confuso. Não cabe agora avaliar sua performance."

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