Na prática, um PIB estável significa crescimento entre 0 e 1% (Priscila Zambotto/Getty Images)
Reuters
Publicado em 25 de junho de 2019 às 09h03.
Última atualização em 25 de junho de 2019 às 13h59.
São Paulo — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avaliou que a interrupção da recuperação da economia brasileira nos últimos trimestres é "nítida" quando se analisa um período mais longo de tempo, e que a perda de ímpeto deverá levar a economia a flertar com estagnação no segundo trimestre de 2019.
"Após leve recuo no primeiro trimestre de 2019, em decorrência dessa perda de dinamismo e de alguns choques pontuais, o Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar desempenho próximo da estabilidade no segundo trimestre", avaliou o Copom na ata da sua última reunião, na semana passada, quando o colegiado deixou a Selic em 6,50% ao ano.
Na ata, o Copom reconheceu a melhora do balanço de riscos para a inflação entre o começo de maio e meados de junho, mas ainda apontou riscos do lado da agenda de reformas, como a da Previdência, classificados pelo colegiado como "preponderantes". Com isso, "a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente".
O Copom voltou a destacar a importância de reformas econômicas para"consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva" e disse que as reformas ajudam a reduzir incertezas, estimulando o investimento privado num contexto de ambiente fiscal limitado para investimentos públicos.
Na ata, os membros também reafirmaram "sua preferência por explicitar condicionalidades sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia suas decisões". De acordo com o BC, "isso contribui para aumentar a transparência e melhorar a comunicação do Comitê".
Esta mensagem vem sendo repetida há meses nas atas dos encontros do Copom. Na prática, a mensagem é de que o BC não passará indicações sobre o que fará na política monetária, mas sim sobre o que observará ao tomar suas decisões.
Na ata, a projeção para o IPCA de 2019 no cenário de mercado está em 3,6%. Já a projeção para 2020 é de 3,9%.
Estes são os mesmos valores citados no comunicado que acompanhou a decisão do colegiado, na semana passada, quando a Selic (a taxa básica de juros) foi mantida em 6,50% ao ano pela décima vez consecutiva. O cenário de mercado utiliza como referência as projeções do Relatório de Mercado Focus para a Selic e o câmbio.
Na ata do encontro anterior do Copom, ocorrido em maio, as projeções do cenário de mercado estavam em 4,1% para 2019 e 3,8% para 2020.
Na ata agora divulgada, o BC indicou ainda que a projeção para o IPCA de 2019 no cenário de referência está em 3,6%. A projeção para 2020 é de 3,7%. Estes também são os mesmos valores citados no comunicado que acompanhou a decisão do colegiado, na semana passada.
O BC formulou seu cenário de referência tendo como base a Selic constante em 6,50% ao ano e uma taxa de câmbio de R$ 3,85. Este valor para o câmbio teve como base a cotação média para a moeda americana observada nos cinco dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do Copom (14 de junho).
Na ata do encontro de maio, as projeções do cenário de referência estavam em 4,3% para 2019 e 4,0% para 2020.
O centro da meta de inflação perseguida pela instituição este ano é de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 2,75% e 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,5% a 5,5%). Já a meta para 2021 é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%).
No Relatório de Mercado Focus publicado nesta segunda-feira, 24, as instituições financeiras projetaram inflação de 3,82% em 2019 e 3,95% em 2020. Assim como indicado pelo Copom nesta ata, o Focus também mostra um PIB em 2019 com crescimento um pouco acima de 0%.