Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 17h53.
Última atualização em 16 de janeiro de 2024 às 18h16.
O resultado fiscal de 2025 deve ser pior que o de 2024. A afirmação foi feita por Jeferson Bittencourt, economista da Asa Investments e ex-secretário do Tesouro Nacional, durante entrevista à EXAME. Segundo ele, isso deve ocorrer porque há forte dependência de receitas extraordinárias para o governo zerar o déficit público até dezembro e isso não devem se repetir no próximo ano.
Nas contas de Bittencourt, o rombo nas contas públicas em 2024 corresponderá a 1,1% do produto interno bruto (PIB). Para 2025, o economista ainda não tem uma previsão fechada.
“Eu acho que em 2025 há uma chance, não desprezível, de o resultado fiscal se pior que o de 2024. Suponha que o mercado está completamente errado, eu estou completamente errado, o governo consiga toda a receita [extraordinária] que estimou no pacote, que eu estimo em R$ 203 bilhões, e entregue um déficit zerado em 2024. Em 2025, como o pacote é de [receitas] não recorrentes, o governo vai precisar arrumar outra concessão de ferrovias de R$ 35 bilhões, outro pacote de receitas do Carf de R$ 97 bilhões. Tem muita receita não recorrente na previsão [orçamentária de 2024]. Será necessário um esforço gigante. Se [o governo] conseguir tudo em 2024, a chance de conseguir alguma coisa de igual tamanho em 2025 é difícil”, disse.
A conta de receitas extraordinárias necessárias para zerar o déficit público totaliza R$ 203 bilhões, estima Bittencourt. Desse total, R$ 168,5 bilhões foram anunciados no pacote governamental e outros R$ 35 bilhões previstos no orçamento dependem de que contratos de concessões ferroviárias sejam renovados antecipamente. Entretanto, não está claro se as empresas detentoras dos ativos toparão pagar o valor projetado.
Bittencourt também alertou que despesas não previstas no orçamento de 2024 pressionarão as contas públicas em 2025.
"Os precatórios extra-teto de 2024 foram pagos em 2023. E, em 2025, os precatórios serão pagos novamente. Além disso, a compensação pelas perdas [dos estados] com ICMS de 2024 foram antecipados e pagos em 203. Teremos despesas fora do teto voltando em 2025 e todo um pacote de receitas não recorrentes que você vai precisar arrumar alguma coisa para cobrir em 2025. Eu acho que a chance de 2025 ser pior que 2024 não é pequena", disse.