Eletrobras decidiu em uma assembleia de acionistas em julho de 2016 que não iria renovar os contratos de concessão de distribuidoras (Nadia Sussman/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 22 de setembro de 2017 às 12h44.
São Paulo - A privatização de seis distribuidoras de eletricidade da estatal Eletrobras que são fortemente deficitárias e atuam no Norte e Nordeste pode não ser concluída neste ano, conforme previsto originalmente por empresa e governo, por dificuldades na avaliação do valor das companhias, disse uma autoridade à Reuters nesta sexta-feira.
O governo já anunciou planos para desestatizar a Eletrobras, mas a ideia é antes concluir a venda dessas subsidiárias, responsáveis pelo fornecimento de energia no Acre, Alagoas, Amazonas, Rondônia, Roraima e Piauí.
"Você tem que fechar a avaliação contábil de tudo isso e pode ser que eventualmente alguma não seja concluída... algumas delas têm mais problemas", disse o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Fábio Lopes Alves.
Ele citou como exemplo os ativos de distribuição da Amazonas Energia, que tem passado antes da venda por uma operação que visa separar da empresa seus ativos de geração e transmissão, que a princípio ficarão com a Eletrobras.
Além disso, a empresa tem dívidas bilionárias com a Petrobras pelo fornecimento de combustíveis para termelétricas que abastecem o Amazonas.
"A mais complexa mesmo é a do Amazonas", disse Lopes, que citou uma demora maior também na avaliação dos ativos da Boa Vista Energia, que opera em Roraima.
A Boa Vista Energia recentemente assumiu as operações que antes eram tocadas por uma estatal do Estado de Roraima, a CERR, mas ainda é preciso avaliar o valor dos ativos dessa concessão agregada à empresa.
"Isso é um processo em que você bota a empresa de cabeça para baixo, avalia o patrimônio, os passivos, para definir o valor de mercado dessa empresa... algumas estão andando muito bem, e outras são processos mais complexos", complementou Lopes.
A Eletrobras decidiu em uma assembleia de acionistas em julho de 2016 que não iria renovar os contratos de concessão dessas distribuidoras.
Desde então, a estatal foi autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a operar as concessões sob um regime especial, sob a condição de vendê-las até o final do ano ou devolver as concessões à União.
Questionada, a Eletrobras não comentou imediatamente.