Economia

Eleição na Grécia alivia pressão, mas não elimina incertezas

Para o Citi, possibilidade de a Grécia sair da Zona do Euro no curto prazo diminuiu, mas segue entre 50% e 75% para os próximos 12 a 18 meses

Eleições na Grécia: oposição acirrada pode desestabilizar o governo no médio prazo, segundo Goldman Sachs (Angelos Tzortzinis/AFP)

Eleições na Grécia: oposição acirrada pode desestabilizar o governo no médio prazo, segundo Goldman Sachs (Angelos Tzortzinis/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2012 às 14h24.

São Paulo – Apesar de o partido conservador grego ter obtido a maior parte das cadeiras do parlamento nas eleições de ontem – e isso ter dado algum alívio aos mercados, já que a Nova Democracia é a favor da permanência da Grécia na Zona do Euro - a incerteza que ronda a Grécia ainda não foi resolvida.

“Tensões econômicas severas, combinadas com acirrada oposição parlamentar, provavelmente irão desestabilizar o atual governo no médio prazo”, afirma o relatório do Goldman Sachs assinado pelos analistas Themistoklis Fiotakis e Huw Pill.

A opinião faz coro à análise de outras equipes econômicas. Desafios significativos continuam existindo na Grécia, segundo relatório do Citi assinado pelos economistas Jürgen Michels e Tina M Fordham. Para o brasileiro Bradesco, apesar do resultado das eleições sugerir um período de calmaria aos mercados, vale ressaltar que isso não significa que as incertezas foram resolvidas.

“Há ainda graves tensões econômicas, combinadas com uma oposição parlamentar acirrada, o que, provavelmente, pode desestabilizar o atual governo no médio prazo (...) De qualquer forma, o resultado é visto como um passo bastante positivo em direção à solução da crise na zona do euro”, segundo boletim diário da equipe econômica do Bradesco, comandada pelo economista Octavio de Barros.

Oposição

O partido de centro direita, que obteve cerca de 30% dos votos e 129 cadeiras no parlamento, terá três dias para formar um governo de coalizão. O anti-austeridade Syriza foi o segundo partido mais votado e alcançou 26,61% dos votos e 71 assentos. “É evidente que a eleição mostra a inquietação na Grécia a respeito do pacote acordado com a Troika”, segundo relatório da equipe econômica do Barclays, formada pelos economistas  Antonio Garcia Pascual, Laurent Fransolet, Paul Robinson e Fabio Fois.

O partido Syriza afirmou repetidamente que não apoiaria uma coalisão pró-austeridade. O que parece mais provável é uma coalisão entre o Nova Democracia e o socialista Pasok (que recebeu 12% e 33 cadeiras), resultando em mais de 151 cadeiras.

Dadas as condições adversas – e as pressões do Syriza -, a duração do governo grego que está sendo formado pode ser mais curta que o habitual, segundo o relatório do Goldman Sachs. Além da pressão da oposição, o relatório do Citi destaca como desafios a participação relativamente baixa nas eleições, de 62%, indicando uma contínua apatia política, e também as contínuas pressões de austeridade.


“Reações iniciais de autoridades europeias deram boas-vindas ao resultado das eleições, mas deixaram bem claro que há pouco espaço para o novo governo mudar o programa de resgate existente”, segundo o relatório do Citi.

Difícil recuperação

As fortes pressões econômicas pelas quais a Grécia passa levaram a um cenário de prolongada incerteza, segundo relatório do Goldman Sachs. Essa incerteza, por sua vez, levou à supressão de confiança e a um colapso no crescimento do crédito, o que ajudou a comprimir o setor privado, provocar uma escassez de abastecimento e também contribuiu para a falta de investimento ou esforços de privatização, aumento do desemprego estrutural e persistente inflação, segundo o relatório.

“A menos que essa incerteza de eventos extremos seja retirada da Grécia, as soluções moderadas estarão propensas à marginalização, enquanto pontos de vista extremos e populistas poderia tornar-se ainda mais significativos”, afirma o relatório do Goldman Sachs.

“O ingrediente crítico faltando a recuperação da Zona Euro é o crescimento”, afirma relatório do CIBC, assinado pelas economistas Emanuella Enenajor e Avery Shenfeld. Para o CIBC, ainda não está claro como a aceleração econômica pode ser alcançada com deflação imobiliário espanhola, escoamento de depósitos nos bancos gregos, aumento no desemprego na Zona Euro, economias não competitivas e custos de financiamento punitivos.

Grexit

Para o Citi, a eleição diminuiu a possibilidade de a Grécia sair da Zona do Euro (o chamada Grexit) no curto prazo, mas é improvável que o país conseguirá cumprir as condições do Memorando de entendimento, que sofreram apenas pequenas mudanças. Para o Citi, a possibilidade de a Grécia sair da Zona do Euro permanece entre 50% e 75% nos próximos 12 a 18 meses. 

Acompanhe tudo sobre:CâmbioCrise gregaEuroEuropaGréciaMoedasPiigsUnião Europeia

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE