Economia

Efeito da reforma da Previdência e da pandemia na curva de juros em um gif

O clima de festa refletido na linha no último ano pela expectativa de melhora fiscal foi praticamente nulo em comparação com o estrago da covid-19

Impacto econômico_coronavírus (matejmo/Getty Images)

Impacto econômico_coronavírus (matejmo/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 8 de julho de 2020 às 14h07.

Última atualização em 8 de julho de 2020 às 15h58.

O efeito positivo da aprovação da reforma da Previdência na trajetória da dívida pública e na expectativa dos mercados em relação ao futuro do Brasil foi bastante comemorado em 2019.

Esse movimento se refletiu no achatamento da curva de juros, usada por analistas e economistas para visualizar o comportamento das taxas ao longo do tempo. Ao redor de outubro do ano passado, quando a proposta foi aprovada, é possível enxergar a linha ficando mais plana.

Mas logo depois veio a pandemia e aconteceu isto:

O achatamento da curva vinha acontecendo, sobretudo, por conta de dois efeitos combinados. Um deles é o afrouxamento da política monetária do Banco Central, que vinha cortando a Selic desde o ano passado, jogando para baixo os juros de contratos DI de mais curto prazo.

Outro são as expectativas sobre a solvência fiscal do governo no longo prazo, que afeta mais as taxas mais longas.

Quando a pandemia começa, é possível ver a ponta mais alta da curva sendo arremessada para cima, refletindo o crescimento sem precedentes das incertezas geradas, sobretudo pelo tamanho do esforço fiscal que o governo precisou empenhar para controlar os impactos sociais e econômicos da crise.

Para arcar com o socorro a trabalhadores informais, empresas e estados, o país precisou se capitalizar, o que deve elevar sua dívida de 75% do PIB em dezembro de 2019 para cerca de 100% no fim de 2020. O Brasil já tinha uma dívida considerada elevada para países emergentes e, agora, aumenta a preocupação sobre sua capacidade de retomar o foco no ajuste fiscal.

Nesse cenário, o investidor que aceitar comprar títulos do Tesouro Nacional com prazos mais longos, terá de ser melhor remunerado por isso, devido às incertezas, com taxas de juros mais altas. 

"O ponto agora é aumentar o tom e dar continuidade na agenda de reformas e privatizações para melhorar o cenário fiscal brasileiro no futuro, além de medidas de contenção de gastos", diz Arthur Mota, economista do Exame Research e autor do gif.

Mota ressalta que a estrutura a termo da taxa de juros (ETTJ), outro nome para a curva de juros, não é a que o mercado financeiro monitora e sim uma estimativa feira pela Anbima, mas as duas apresentam movimentos similares. 

 

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