Economia

Economistas veem rebaixamento como chamada para governo

Agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou o rating soberano do Brasil, mas Bovespa fechou no azul


	Standard & Poor's: agência citou a piora das contas fiscais, perspectiva de baixo crescimento econômico nos próximos anos e enfraquecimento das contas externas
 (AFP/ Emmanuel Dunand)

Standard & Poor's: agência citou a piora das contas fiscais, perspectiva de baixo crescimento econômico nos próximos anos e enfraquecimento das contas externas (AFP/ Emmanuel Dunand)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2014 às 14h33.

São Paulo - Depois da Bovespa ter fechado no azul na terça-feira, um dia após a agência de classificação de risco Standard & Poor's ter rebaixado o rating soberano do Brasil, economistas alertaram nesta quarta-feira que o corte na nota do país representa uma "chamada" para o governo federal.

"O porquê do rebaixamento ter ocorrido é absolutamente claro: o mercado já estava reclamando dos mesmos problemas que foram mencionados pela S&P", disse o economista chefe do BTG Pactual, Eduardo Loyo, em evento de finanças realizado em São Paulo nesta quarta-feira.

Na segunda-feira, a agência citou a piora das contas fiscais, perspectiva de baixo crescimento econômico nos próximos anos e enfraquecimento das contas externas para justificar o ajuste na nota de crédito do país de "BBB" para "BBB-", patamar mais baixo da categoria de grau de investimento.

Para o chefe do departamento de pesquisa econômica do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, o rebaixamento tem um peso de "chamada para agir". Na avaliação dele, as iniciativas adotadas pelo governo brasileiro até agora não foram suficientes para aplacar as preocupações do mercado, mesmo com as outras duas grandes agências de classificação de risco - Fitch e Moody's - parecendo "estar dispostas a dar o benefício da dúvida para as autoridades".

Em fevereiro, o governo federal anunciou uma nova meta de superávit fiscal para este ano, numa investida para recuperar sua credibilidade. Mas os primeiros resultados fiscais do ano não foram animadores, com a economia feita para pagamento de juros somando 20 bilhões de reais em janeiro, recuo de quase 35 por cento sobre um ano antes.

"A política fiscal não é tão consistente ... e o Banco Central não pode responder quando exatamente vê a inflação convergindo para o centro da meta", disse Carvalhal. "Se eu fosse um professor dando nota aos alunos, eu diria: falem comigo depois da aula", brincou.

O economista e estrategista chefe do M Safra & Co, Murilo Cavalcanti, lembrou, por outro lado, que a S&P fez o rebaixamento, mas mudou a perspectiva do rating brasileiro de negativa para estável, indicando que não enxerga, por ora, mudanças na avaliação de crédito do país.

"Não vamos ter outro 'downgrade' até pelo menos um novo governo eleito assumir", previu Cavalcanti.

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