Banco Central, em Brasília: meta do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2014 às 09h44.
São Paulo - A inflação vai estourar o teto da meta do governo em 2014 segundo economistas de instituições financeiras, que passaram a ver este movimento pela primeira vez neste ano, ao mesmo tempo em que projetam mais uma alta na Selic em maio.
Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta terça-feira mostra que os economistas projetam agora o IPCA neste ano a 6,51 por cento, ante 6,47 por cento na pesquisa anterior, na sétima semana seguida de alta da projeção.
A inflação segue em patamares elevados, como mostrou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) divulgado na semana passada. O indicador atingiu em abril 6,19 por cento no acumulado em 12 meses, após ter acelerado a alta a 0,78 por cento sobre o mês anterior, ainda sob o peso dos preços de alimentos.
A meta do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos. Se a meta não for cumprida, o BC tem que explicar oficialmente porque isso não aconteceu.
O Top 5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, vê um cenário ainda pior para este ano, com a inflação a 6,59 por cento ante 6,49 por cento anteriormente.
Para 2015, a perspectiva para o IPCA no Focus foi mantida em 6,00 por cento na mediana das projeções, enquanto nos próximos 12 meses os economistas veem o indicador a 6,07 por cento, 0,05 ponto percentual a menos.
SELIC Com esse cenário de inflação alta, os economistas consultados no Focus mantiveram a projeção de Selic a 11,25 por cento no final deste ano, com mais uma alta de 0,25 ponto percentual na reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom). Hoje a taxa básica de juros estás em 11,0 por cento ao ano.
Já o Top 5 de curto prazo vê manutenção na Selic em maio, enquanto o Top 5 de médio prazo deixou inalterada sua expectativa para a Selic no final deste ano, em 11,88 por cento.
Enquanto isso, o BC tem indicado que pretende interromper o ciclo de aperto monetário para avaliar os efeitos "defasados" da política monetária, classificando a pressão nos preços de alimentos como "temporária".
Na semana passada o presidente do BC, Alexandre Tombini, defendeu que o banco tem atuado de forma robusta, clássica e técnica, e que parte relevante da alta dos juros ainda não atingiu os preços.
Inclusive o fato de o IPCA-15 de abril ter subido menos do que o esperado foi considerado como algo que poderia potencialmente tirar pressão sobre o BC neste momento.
Para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), a pesquisa mostrou que a estimativa para 2014 foi reduzida a 1,63 por cento, ante 1,65 por cento anteriormente, após sinais de desaceleração neste início de ano.
Em fevereiro, a economia brasileira registrou forte desaceleração segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que avançou 0,24 por cento sobre o mês anterior após alta de 2,35 por cento em janeiro.
Atualizado às 9h44