Sede do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos (Leah Millis/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 15 de março de 2021 às 13h16.
Última atualização em 15 de março de 2021 às 13h48.
Uma forte recuperação da recessão causada pela covid-19 pode levar o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e autoridades do banco central a aumentar as taxas de juro em 2023, mas isso ainda não vai aparecer nas previsões desta semana, segundo uma pesquisa.
Economistas consultados pela Bloomberg News projetam dois aumentos de 25 pontos-base em 2023. Mas também esperam que a previsão do próprio banco central dos Estados Unidos, que será divulgada juntamente com a declaração de política monetária na quarta-feira, mostre os juros perto de zero ao longo daquele ano.
Tal resultado corresponderia às projeções de dezembro do Fed, embora congressistas dos Estados Unidos tenham apoiado quase 3 trilhões de dólares em estímulos fiscais desde então, incluindo o pacote de 1,9 trilhão de dólares que o presidente Joe Biden assinou como lei na quinta-feira, o que — junto com a vacinação acelerada — melhora as perspectivas econômicas.
“O Fed sonda agora o desconhecido à medida que um poderoso trio de amplo estímulo fiscal, apoio monetário e demanda reprimida impactam uma economia liberada pela disseminação generalizada de vacinas”, disse a economista Lynn Reaser, da Universidade Nazarena de Point Loma, em resposta à pesquisa.
É quase certo que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) manterá os juros perto de zero e se comprometerá a continuar as compras de ativos no ritmo mensal de 120 bilhões de dólares em sua segunda reunião do ano.
Powell enfatizou repetidamente que o mercado de trabalho americano permanece longe da meta de pleno emprego do Fed, por isso seria muito cedo para discutir a redução do apoio do banco central.
Ainda assim, 75% dos economistas preveem que o banco central terá de elevar as taxas até o fim de 2023, quando a estimativa mediana aponta para cerca de 50 pontos-base de aumento. Em contraste, a mediana na pesquisa de dezembro da Bloomberg não mostrava mudanças nos juros até 2024 ou depois.
O comitê, que faz suas primeiras projeções econômicas trimestrais do ano, deve elevar suas estimativas de crescimento para 2021 e acelerar as expectativas de inflação, mas não antecipará a desaceleração das compras de ativos ou o aumento das taxas de juro na visão dos 41 economistas, que foram consultados de 5 a 10 de março.
As previsões do Fed, observadas de perto, devem mostrar expansão do PIB de 5,8% em 2021, concluiu a pesquisa, acima dos 4,2% nas projeções de dezembro da instituição. A inflação é vista um pouco acima do que há três meses, com a taxa de desemprego caindo para 5% no final do ano, a mesma das estimativas de dezembro.
O FOMC provavelmente continuará a prever juros próximos de zero até 2023, embora seja uma previsão difícil: cerca de 30% dos economistas pesquisados veem uma projeção mediana do Fed de taxas mais altas até lá.
“Ter uma previsão de aumento dos juros parece muito improvável quando estamos apenas começando a discutir quanto a inflação vai subir, por quanto tempo e quanto a taxa de desemprego vai cair”, disse Nathaniel Karp, economista-chefe para Estados Unidos do BBVA. “O Fed tem de ver isso, sentir isso, não apenas sonhar com isso.”