Economia

Economista vê reversão de ciclo na alta do desemprego

Zeina Latif preferiu não fazer uma estimativa para a taxa de desemprego no fim deste ano, sob a alegação de que há fatores que trazem ruídos para as projeções


	A sócia da Gibraltar Consulting afirmou que este indicador tende a enfraquecer o último pilar político para a reeleição da presidente da República, Dilma Rousseff
 (Daniela de Lamare)

A sócia da Gibraltar Consulting afirmou que este indicador tende a enfraquecer o último pilar político para a reeleição da presidente da República, Dilma Rousseff (Daniela de Lamare)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2013 às 15h22.

São Paulo - O pequeno aumento da taxa de desemprego em junho, de 0,2 ponto porcentual, para 6% em relação a maio, quando o indicador fechou em 5,8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra o começo de um cenário de reversão de ciclo.

A avaliação é da economista sócia da Gibraltar Consulting e colunista da Agência Estado, Zeina Latif, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado..

"O mercado de trabalho tem seus ciclos e a reversão deste ciclo só não se deu no ano passado porque as empresas represaram as demissões na expectativa de que a economia fosse melhorar", disse a economista.

Ela preferiu não fazer uma estimativa para a taxa de desemprego no fim deste ano, sob a alegação de que há fatores que trazem ruídos para as projeções. "Com as famílias endividadas e a inflação corroendo o poder de compra do chefe, outros membros da família começam a procurar emprego, o que altera a taxa de participação no mercado de trabalho", disse Zeina.

A sócia da Gibraltar Consulting afirmou que este indicador tende a enfraquecer o último pilar político para a reeleição da presidente da República, Dilma Rousseff. "O desemprego enfraquece, sem dúvida", afirmou a economista, para quem a percepção de que o mercado de trabalho está se deteriorando se soma à piora da avaliação da presidente Dilma.

Por outro lado, de acordo com a economista, o aumento da taxa de desemprego é positiva do ponto de vista macroeconômico, se for visto como um fator que ajudará o Banco Central (BC) na condução da política monetária com vistas ao controle da inflação.

Questionada se o processo de concessões para obras de infraestrutura de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos não ajudariam a reverter o ciclo de aumento de desemprego que começa a se apresentar, Zeina disse que sim, mas apenas numa segunda fase. Ou seja, apenas quando as obras começarem a impactar o setor de serviços, que é o que mais absorve mão de obra.

Demissões

Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, a alta da taxa de desemprego se deveu mais à "acomodação" das contratações do que ao aumento de demissões.

Segundo ele, no entanto, dada a forte deterioração das expectativas em relação à economia brasileira, não se pode descartar o início de um processo de demissões.

"Isso deve ocorrer mais para o quarto trimestre do que agora", afirmou. "Com a queda generalizada de confiança na economia, as empresas postergam decisões de investimentos e, consequentemente, de contratações." O economista destacou, porém, que a taxa de desemprego continua baixa e o mercado de trabalho deve continuar pressionando a inflação.

Acompanhe tudo sobre:Desempregoeconomia-brasileiraEmpregos

Mais de Economia

Subsídios na China fazem vendas de eletrônicos crescer até 400% no ano novo lunar

Conta de luz não deve ter taxa extra em 2025 se previsão de chuvas se confirmar, diz Aneel

Após receber notificação da AGU, TikTok remove vídeo falso de Haddad

Governo pode perder até R$ 106 bi com renegociação de dívida dos estados, estima Tesouro Nacional