Economia

Economista compara governo de Michel Temer a ‘parasita’

Durante o EXAME Fórum 2016, Eduardo Giannetti também criticou a ex-presidente Dilma Rousseff e disse estar "cautelosamente otimista" com o país


	Eduardo Giannetti: economista espera juro básico de um dígito em 2017
 (Flávio Santana/Biofoto)

Eduardo Giannetti: economista espera juro básico de um dígito em 2017 (Flávio Santana/Biofoto)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 30 de setembro de 2016 às 15h15.

São Paulo - O economista Eduardo Giannetti comparou o governo do presidente Michel Temer a um “parasita”, durante o EXAME Fórum 2016, realizado nesta sexta-feira (30), em São Paulo, mas ressaltou que tem uma visão “cautelosamente otimista” com a economia brasileira “como não tinha há muito tempo”.

A uma plateia de empresários e membros do governo, o economista afirmou que o PMDB é o partido que mais se “especializou em fazer o jogo do presidencialismo de coalizão”. Ou seja, apoia quem ele acha que tem mais força para chegar ao poder e usufrui disso depois.

“Qual é o jogo do parasita? Enquanto o hospedeiro está forte, ele fica parado. Quando o hospedeiro fica fraco, ele começa a colocar as asas para fora”, disse. “Ele só não pode matar o hospedeiro, senão morre junto. Agora, como se comporta um parasita quando ele se torna hospedeiro? É o que vamos ver nos próximos dois anos.”

O economista também falou sobre a ex-presidente Dilma Rousseff. “No momento em que ela norteou 39 ministérios a 10 partidos e perdeu a disputa crucial da presidência da Câmara, o presidencialismo de coalizão faliu”, ponderou. “O impeachment começou ali.”

A ex-presidente, segundo Giannetti, foi uma “aceleradora de problemas”, e ele a chamou de “Dilma fast forward”, uma alusão ao efeito que consiste em avançar uma gravação de áudio ou vídeo em velocidade mais rápida.

“Em 1988 a carga tributária bruta no Brasil era 24% do PIB. Era normal para um país de renda média. De lá pra cá, ela cresceu em todos os governos. Hoje, é 34% do PIB”, disse.

Expectativa econômica

Sobre as perspectivas econômicas para o país, Giannetti tem uma visão otimista. Ele elogiou a equipe econômica do governo e frisou que as expectativas mudaram e estão positivas.

“A tendência da inflação é de queda. A equipe do Banco Central está ganhando a guerra das expectativas. Isso abre espaço para uma redução consistente da taxa de juros no Brasil. Estamos posicionados para ter uma redução da Selic ao longo dos próximos trimestres”, disse.

Para ele, no entanto, é provável que o BC atrase um pouco o corte do juro básico, à espera de uma garantia de que o ajuste fiscal esteja encaminhado. “A ansiedade do setor produtivo é compreensível, mas ela tem que ser administrada. Podemos terminar 2017 com juro básico de um dígito.”

O grau de ociosidade produtiva do país é alto, afirmou Giannetti, por isso o Brasil pode ter rápida retomada conforme as expectativas econômicas mais positivas vão se consolidando.

“A economia é uma espécie de meteorologia, em que a previsão do tempo afeta o próprio tempo. Se as pessoas acreditam que vai haver tempestade, a tempestade que não viria, vem. É a história da profecia autorrealizável”, disse.

Até mesmo a construção civil, destacou o economista, já está dando sinais de retomada da confiança. “Estamos, no curto prazo, posicionados para uma virada. Temos elementos que me dão convicção para acreditar que a retomada virá.”

O que ameaça o otimismo com a economia brasileira atualmente, segundo Giannetti, é o risco político. “Eu temo que essa temporada termine com a delação premiada de Eduardo Cunha [ex-presidente da Câmara]. Garanto que ninguém vai morrer de tédio no Brasil. Não tenho a menor dúvida de que políticos da alta cúpula do governo seriam atingidos, o que poderia prejudicar a capacidade de liderança do governo”, completou.

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