Economia

Economias europeia e americana são cruciais aos latinos

Economia latino-americana ficará marcada pela recuperação do comércio previsto para a União Europeia e pelo endurecimento da política monetária nos EUA, diz OMC


	Logo da OMC: projeção da OMC indica uma melhora da economia, mas que ainda não significa a média de crescimento de 5,3% dos últimos 20 anos
 (AFP/ Fabrice Coffrini)

Logo da OMC: projeção da OMC indica uma melhora da economia, mas que ainda não significa a média de crescimento de 5,3% dos últimos 20 anos (AFP/ Fabrice Coffrini)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2014 às 14h46.

Genebra - A economia latino-americana ficará marcada em 2014 pela recuperação do comércio previsto para a União Europeia (UE) e pelo endurecimento da política monetária nos Estados Unidos, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo as projeções divulgadas hoje pelo organismo, as exportações da América do Sul e América Central darão um salto significativo, com um crescimento de 4,4% em 2014, contra o índice de 0,7% registrado no ano passado.

Já as importações aumentarão 4,1%, ante 2,5% em 2013. Em nível mundial, a previsão é de que o comércio cresça 4,7% em 2014, mais do que o dobro do ano passado (2,1%).

A projeção indica uma melhora da economia internacional, mas que ainda não significa a média de crescimento de 5,3% dos últimos 20 anos.

A melhora que se prevê para a América Latina leva em consideração a recuperação da demanda e da atividade econômica na Europa, um importante mercado para a região e que representa dois terços do comércio mundial.

"A notícia positiva é que se o crescimento na Europa se materializar, isto pode ajudar a região", declarou à Agência Efe o economista-chefe da OMC, Robert Teh, na apresentação do relatório anual da organização sobre as tendências do comércio mundial.

O analista frisou, no entanto, que a política monetária dos Estados Unidos se transformou em "um fator de risco" para a América Latina, devido ao abandono dos estímulos monetários, segundo um calendário que ainda não está decidido.

Neste cenário, o provável aumento das taxas de juros por parte do Federal Reserve (Banco Central americano) é o aspecto que mais pode afetar alguns países latino-americanos e provocar de forma indireta uma saída de capitais a curto prazo para outros lugares do mundo.

Caso que isto ocorra, lugares atrativos para reposicionar esses fundos poderiam ser Ásia e Europa Oriental, previu.


Esta situação "já pôs pressão nas taxas de câmbio em vários países latino-americanos, como Brasil e Argentina, cujas moedas se desvalorizaram fortemente", comentou Teh.

O economista mencionou que um "fator escondido" é a possibilidade de que essa desvalorização torne mais competitivas as exportações dos países envolvidos.

"Por uma parte há uma depreciação pela saída de capitais, mas ao mesmo tempo pode ser bom para os exportadores porque melhora a competitividade de seus preços", opinou.

Além disso, Teh considerou que as melhores perspectivas da região correspondem atualmente à Colômbia e Peru, graças ao crescimento considerável que experimentaram nos últimos anos, assim como por suas políticas governamentais e os processos de pacificação.

Em nível mundial, o comércio internacional será estimulado, por mais um ano, pela Ásia, cujas exportações crescerão 6,9%, enquanto as importações subirão 6,4%, uma melhora sólida com com relação ao 4,6% e a 4,5% de 2013. "A Ásia lidera o caminho", afirmou Teh.

O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, esclareceu que os números de hoje representam a "melhor estimativa" da organização e estão baseados no cenário internacional atual.

Azevêdo advertiu que as projeções poderiam ser revisados em baixa em caso de alguma nova crise, como por exemplo o impacto das tensões entre Ucrânia e Rússia.

"É muito difícil prever o momento e o impacto de uma crise, que pode vir de questões econômicas ou geopolíticas. Dependendo do tamanho, do momento e de sua natureza, seu impacto pode ser muito diferente", disse o chefe da organização intergovernamental.

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