Economia

Economia pode dar sinais positivos no 2º semestre, diz Fraga

Fraga usou como exemplo de possível reação rápida da economia o ano de 1999, quando se projetava contração de 4% do PIB, mas o País acabou tendo crescimento


	Arminio Fraga: "Acho que se o governo largar bem já é possível no segundo semestre que a economia comece a dar sinais de vida"
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Arminio Fraga: "Acho que se o governo largar bem já é possível no segundo semestre que a economia comece a dar sinais de vida" (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2016 às 17h13.

Nova York - O ex-presidente do Banco Central e sócio fundador da Gávea Investimentos, Arminio Fraga, acredita que, se o governo do presidente em exercício Michel Temer começar bem, é possível que a economia brasileira comece a dar sinais positivos no segundo semestre para voltar a crescer em 2017.

"Acho que se o governo largar bem já é possível no segundo semestre que a economia comece a dar sinais de vida", afirmou Fraga em conversa com jornalistas nesta segunda-feira, 16, após fazer palestra na Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos.

Fraga usou como exemplo de possível reação rápida da economia o ano de 1999, quando se projetava contração de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), mas o País acabou tendo crescimento.

"Já no segundo semestre (de 1999) o PIB começou a crescer a mais ou menos 4% ao ano e ficou assim até a crise de 2001. Então, em tese é possível (a reação da economia no segundo semestre)."

Fraga avaliou que o Brasil pode voltar a crescer 1% no ano que vem e que, embora pareça pouco, é um avanço importante, considerando que o PIB deve ter contração forte este ano. Para ele, o Brasil "arrumado" deveria crescer ao redor de 4% ao ano.

Questionado se ele vê juros de um dígito no País no final de 2017, Fraga avaliou que é pouco provável. "Isso passa por trabalho profundo de ajuste fiscal."

Sobre a Operação Lava Jato, ele disse que é essencial que as investigações continuem.

"É fundamental que seja preservada e que vá até o fim. Isso vai ser extremamente saudável para o Brasil e vai permitir uma evolução para a política e a sociedade."

Quando perguntado sobre possibilidade de volta ao governo, Fraga respondeu que esse não é seu objetivo.

CPMF

Fraga minimizou o impacto positivo nas receitas do governo da CPMF e defendeu como prioritária a reforma da Previdência para que o Brasil consiga arrumar as contas públicas e voltar a crescer.

O economista falou da necessidade de ação rápida do governo do presidente em exercício Michel Temer para aprovar medidas de ajuste "o quanto antes". "São tantas (as necessidades), então vai ter que haver uma sequência e acho que o importante é começar.

Na medida em que se crie uma sensação de movimento, de progresso, penso que as expectativas vão começar a mudar e talvez seja possível correr atrás de uma agenda mais longa", disse o ex-presidente do BC aos jornalistas.

As declarações recentes do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, da intenção de cortar despesas do governo, mostram na opinião de Fraga que o ministro está sendo "realista e pragmático".

"Ele sabe que o desafio maior é do lado dos gastos. Eu pessoalmente não gosto da CPMF. Acho que seria um aumento de receita relativamente pequeno", afirmou.

"Seria melhor concentrar esforços na reforma da Previdência e no caminho de desvinculação e desindexação do orçamento, esse sim teria um impacto enorme."

A desvinculação de receitas do orçamento público, na visão do ex-presidente do BC, poderia compensar a falta de aumento de impostos no ajuste fiscal. Ele ressaltou ainda que há "grandes espaços" nas desonerações.

No caso da reforma da Previdência, Fraga acha positivo que o governo discuta a questão com os sindicatos.

"Os sindicatos precisam olhar esses números com cuidado e pensar no futuro do País. Espero que apoiem".

Para Fraga, é possível que medidas saiam do papel em 30 dias, mas o importante neste momento inicial é o governo sinalizar quais são as prioridades e "agir de forma comprometida e firme".

As primeiras indicações de Temer, que incluem as redução de ministérios, são sinais positivos. "Do ponto de vista quantitativo o efeito é pequeno, mas do ponto de vista do que se sinaliza, aí sim é importante."

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