Economia

Economia palestina não cresce desde Acordo de Oslo

O professor apresentou uma análise detalhada do cenário que surgiu na região com os Acordos de Oslo, que deviam ter conduzido ao início de uma "rota para paz"


	Palestina: o PIB em termos de produtividade laboral, "o maior indicador da economia palestina", caiu 30% nas últimas duas décadas
 (Reuters / Ibraheem Abu Mustafa)

Palestina: o PIB em termos de produtividade laboral, "o maior indicador da economia palestina", caiu 30% nas últimas duas décadas (Reuters / Ibraheem Abu Mustafa)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2016 às 14h02.

Jerusalém - A economia palestina não experimentou nenhum crescimento significativo nos mais de 20 anos transcorridos desde a assinatura do Acordo de Oslo (1993-95), garantiu nesta quarta-feira o "Aix Group", um fórum para a cooperação no Mediterrâneo.

"Nos demos conta que a continuação desta situação, na qual não há um acordo (de paz), tem um custo muito mais amplo para o lado palestino", afirmou o professor Josef Zeira, membro do "Aix Group", durante a conferência "Economia do conflito palestino-israelense. O custo do status quo", realizada hoje na Universidade Hebraica de Jerusalém.

O professor apresentou uma análise detalhada do cenário que surgiu na região com os Acordos de Oslo, que deviam ter conduzido ao início de uma "rota para paz" com um Estado palestino independente como destino final e cujo fracasso foi constatado com a explosão da segunda intifada em 2000.

Segundo Zeira, "todas as esperanças desapareceram totalmente" ao constatar que o PIB em termos de produtividade laboral, "o maior indicador da economia palestina", caiu 30% nas últimas duas décadas.

As razões passam pela falta de acúmulo de capital em solo palestino e uma limitada capacidade produtiva, reduzida pelas restrições de movimento impostas por Israel com diferentes veículos de imprensa, como os 584 postos de controle disseminados pela Cisjordânia ocupada, disse o especialista israelense.

Durante sua conferência, o acadêmico apostou pela paz como mecanismo para impulsionar não só a economia palestina mas também o israelense, que na sua opinião poderia experimentar "um aumento da produtividade de entre 4,5% e 13% se fossem eliminados os custos diretos e indiretos gerados pelo conflito".

Isto é, entre outras questões, um forte investimento em defesa de 6% anual do PIB, as perdas de capital humano, a queda do turismo e os períodos de recessão nos quais derivaram até o momento as intifadas e períodos de grande incerteza política como a assinatura dos próprios acordos.

Seu companheiro no Aix Group e antigo representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Cisjordânia, Karim Nashashibi, explicou que a falta de horizonte político e a ocupação israelense condicionaram as perspectivas econômicas dos palestinos.

Estes fatores, junto a baixíssimos índices de crescimento, desanimam o investimento e fazem com que o desemprego siga aumentando, alcançando 19% na Cisjordânia e 42% em Gaza.

"A Autoridade Nacional Palestina (ANP) deve implementar projetos estruturais que estejam vinculados à economia" para estimulá-la, ao mesmo tempo que politicamente "tem que mostrar sua vontade de reintegrar Gaza (sob sua autoridade) porque são complementares e sua separação tem um alto custo".

Enquanto isso, afirma Nashashibi, a comunidade internacional "paga pela ocupação", que também tem outros custos para Israel.

"Cada vez está mais isolado no mundo, presenciamos um momento de crescimento da campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel e os cidadãos sofrem um estigma psicológico", disse.

"A solução dos dois Estados poderia ser uma fonte de crescimento não só para os palestinos, mas também para Israel", concluiu o acadêmico.

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