Economia

Economia é a nova dor de cabeça do presidente russo

Neste ano, o panorama piorou tanto que os observadores mais pessimistas temem um retorno ao cenário de 2008-2009


	Vladimir Putin: o crescimento econômico, que caiu a 3,4% em 2012, estagnou no começo do ano e alcançou, no primeiro trimestre, 1,1% na comparação anual.
 (Alexey Druzhinin/AFP)

Vladimir Putin: o crescimento econômico, que caiu a 3,4% em 2012, estagnou no começo do ano e alcançou, no primeiro trimestre, 1,1% na comparação anual. (Alexey Druzhinin/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2013 às 17h27.

Um ano depois de seu retorno ao Kremlin, a economia, em plena desaceleração, tornou-se a nova dor de cabeça do presidente russo, Vladimir Putin.

Neste ano, o panorama piorou tanto que os observadores mais pessimistas temem um retorno ao cenário de 2008-2009, anos em que a crise mundial e a queda do preço do petróleo levaram a economia russa a uma queda vertiginosa.

O crescimento econômico, que caiu a 3,4% em 2012, estagnou no começo do ano e alcançou, no primeiro trimestre, 1,1% na comparação anual, graças a uma recuperação inesperada em março.

A produção industrial se contraiu pela primeira vez desde 2009. O consumo, apoiado por uma taxa de desemprego historicamente baixa (abaixo de 6%), se desacelerou.

O governo reduziu recentemente sua previsão de crescimento para 2013 de 3,6% a 2,4%. A esse ritmo, a economia russa está longe dos 7 ou 8% de crescimento anual que viveu durante os dois primeiros mandatos de Vladimir Putin (2000-2008).

Esses resultados são ainda mais decepcionantes considerando o fato de que Vladimir Putin voltou ao Kremlin com a promessa de que a economia cresceria mais de 5% ao ano a longo prazo.

"A economia está em recessão. As promessas sociais estão ameaçadas (...) a Rússia se torna, a cada dia, menos competitiva", escreveu em seu blog o multimilionário Mikhail Prokhorov, que obteve o terceiro lugar nas eleições presidenciais.

"É um ano perdido. Não há nenhum movimento, nenhuma indicação clara sobre a direção a tomar, nenhum plano de ação", estimou Nikolai Petrov, cientista político do centro Carnegie.


O governo culpa a crise do euro por esta situação, já que seus principais sócios comerciais estão na Europa, e as elevadas taxas de juros impostas pelo banco central e as entidades financeiras.

Contudo, nos círculos econômicos e financeiros a preocupação principal é o clima pouco propício para os negócios, devido à corrupção e à burocracia e a grande dependência das flutuações do preço dos hidrocarbonetos.

Os investidores também estão à mercê de uma política econômica que alterna sinais de liberalização (integração à Organização Mundial do Comércio, privatizações) e decisões intervencionistas (absorção da petrolífera TNK-BP pelo gigante público Rosneft).

"Putin posterga (a adoção de medidas) devido à situação econômica mundial e porque não querem tomar medidas impopulares, mas quanto mais esperar, mais difícil será adotá-las", estima Nikolai Petrov.

"E agora, se aproxima uma crise econômica longa e difícil. Quando a população começar a sentir os efeitos (desta crise) haverá manifestações de massa", prevê o especialista.


Vladimir Putin pediu ao governo que antes de 15 de maio sejam propostas medidas para reativar a economia, que destaquem a importância dos investimentos em infraestrutura.

Devido à estreita margem de manobra orçamentária, o economista Ivan Tchakarov afirma que o poder depende da redução das taxas de juros para estimular a atividade e das grandes empresas para acelerar o investimento.

"Podemos esperar resultados antes do final do ano, mas não há nenhuma fórmula mágica: afinal de contas, a Rússia precisa lutar contra a burocracia, o marco institucional e a corrupção (...)" alerta.

Mesmo que esses pontos melhorem, a Rússia poderá contar apenas com um crescimento máximo de 4 ou 4,5%, segundo o economista.

Para Julia Tsepliaeva, de BNP Paribas, o presidente continua aplicando um mesmo modelo: "escolhemos os campeões do crescimento e lhes damos fundos públicos". "É claro que isso dá resultados, mas de curta duração", argumenta.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaPolíticosRússiaVladimir Putin

Mais de Economia

Senado aprova em 1º turno projeto que tira precatórios do teto do arcabouço fiscal

Moraes mantém decreto do IOF do governo Lula, mas revoga cobrança de operações de risco sacado

É inacreditável que Trump esteja preocupado com a 25 de Março e Pix, diz Rui Costa

Tesouro: mesmo com IOF, governo precisaria de novas receitas para cumprir meta em 2026