Avenida vazia em Wuhan, na China: país foi o epicentro da disseminação do coronavírus (China Daily/Reuters)
Reuters
Publicado em 1 de abril de 2020 às 14h46.
Última atualização em 1 de abril de 2020 às 14h48.
O diretor executivo da BlackRock , Amer Bisat, afirmou nesta quarta-feira que a economia mundial pode contrair 11% no primeiro semestre de 2020 e perder 6 trilhões de dólares em termos de produção econômica devido à pandemia do coronavírus.
"Para colocar isso em contexto, será pior do que a contração que vimos em 2008, será pior do que aquela que as pessoas estimam que aconteceu durante a gripe espanhola (1918)", disse Bisat.
"Não será tão ruim quanto a Depressão Global (de 1930), que é uma contração significativamente pior, mas certamente será o segundo pior choque econômico que já vimos em todo o mundo."
A BlackRock é a maior gestora de ativos do mundo.
Em uma visão conservadora, 5 milhões de empregos podem ser perdidos entre os meses de janeiro a junho, afirmou Bisat em um painel virtual moderado pelo Carnegie Middle East Center. A situação parece ainda pior quando se considera o subemprego, as horas reduzidas e os salários reduzidos, acrescentou.
Questionado se a reação econômica até agora foi proporcional ao choque, Bisat disse: "Politicamente, a resposta é, categoricamente, não".
Mas ele elogiou as medidas econômicas tomadas pelos governos e bancos centrais.
"Apenas a quantidade anunciada de estímulo fiscal que foi lançada globalmente contra o problema entre fevereiro e março... é de 5 trilhões de dólares em insumos fiscais que serão lançados à economia global pelos próximos seis meses, provavelmente."
"A isso, você adiciona 65 episódios de cortes nas taxas de juros, e você tem 20 países que já anunciaram alguma forma de afrouxamento quantitativo. Como você traduz tudo isso em estímulo?", disse Bisat. "É complicado, mas a realidade é que isso é sem precedentes".
Bisat comparou o choque econômico da pandemia a um desastre natural, o qual, segundo ele, normalmente "leva a uma forte recuperação depois".
No entanto, a recuperação ao impacto do coronavírus "provavelmente não será tão agressiva", em razão da incerteza em torno do momento no qual o choque terminará, assim como a possibilidade de o vírus ressurgir e a sua natureza global.