Economia

Economia hipster do Brooklyn desafia Manhattan

Status do Brooklyn como marca global e epítome da cultura urbana hispter está alterando o centro de gravidade de Nova York


	Brooklyn Bridge na cidade de Nova York: distrito está exercendo uma influência maior na vida política, econômica e cultural da cidade
 (Mario Tama/Getty Images)

Brooklyn Bridge na cidade de Nova York: distrito está exercendo uma influência maior na vida política, econômica e cultural da cidade (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 17h57.

Nova York - Marty Markowitz estava passeando em Viena quando viu manequins em uma vitrine usando bonés enaltecendo Paris, Londres e Brooklyn. A loja tinha muitos modelos de Paris e Londres. Os de Brooklyn estavam esgotados.

“Disseram que não conseguiram repor o estoque dos bonés de Brooklyn antes que acabassem”, disse Markowitz, 69, que durante 12 anos foi presidente do bairro mais populoso da cidade de Nova York, até se aposentar em janeiro.

O status do Brooklyn como marca global e epítome da cultura urbana hispter está alterando o centro de gravidade de Nova York, reduzindo a supremacia de Manhattan ao longo do Rio East e exercendo uma influência maior na vida política, econômica e cultural da cidade. Está gerando empregos e atraindo moradores em um ritmo mais acelerado que qualquer outro bairro, inflamando assim um boom no desenvolvimento comercial para abastecer as novas massas.

“Quando começamos o ZagatGuide, em 1982, listamos aproximadamente 25 restaurantes no Brooklyn, e agora listamos 261”, disse Tim Zagat, um dos fundadores da pesquisa. “O Brooklyn era assustador há 20 anos. Agora, é parte mais atraente da cidade”.

Na segunda metade do século 20, o Brooklyn era um símbolo da decadência urbana, de onde os contribuintes da classe média fugiam em direção aos subúrbios, para escapar de uma espiral decrescente simbolizada pela mudança, em 1957, do time de basebol Brooklyn Dodgers para Los Angeles.

Decisão da JPMorgan

Hoje o Brooklyn apresenta outra história. O bairro que registrou 158.000 crimes graves em 1990 teve menos que 36.000 no ano passado, uma queda de 80 por cento. O Barclays Center, um estádio com 19.000 lugares que abriu em 2012 perto da Academia de Música do Brooklyn, é a sede do Brooklyn Nets da NBA, a primeira grande franquia esportiva do bairro desde que os Dodgers foram embora. A JPMorgan Chase, a maior credora dos EUA, disse em fevereiro que mudará 2.000 funcionários para a zona.

“O Brooklyn tem sido o líder na geração de trabalhos, em uma ampla quantidade de setores – educação, saúde, serviços empresariais, mídia e tecnologia”, disse James Brown, economista diretor do Departamento do Trabalho do Estado.


O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, 52, um democrata que assumiu o posto no dia 1º de janeiro, está dando um toque do Brooklyn a uma prefeitura que foi comandada por moradores de Manhattan desde a década de 1970. Antes dele, outro prefeito oriundo do Brooklyn, Abraham Beame, esteve no cargo quando a cidade cambaleava à beira da falência.

Poder político

O poder político do Brooklyn deriva do seu tamanho. Com 2,6 milhões de moradores, é o maior bairro, com aproximadamente um terço dos 8,3 milhões de pessoas que habitam a metrópole mais populosa dos EUA. O crescimento populacional de 3,5 por cento do Brooklyn entre 2010 e 2013 tornou-o a área de crescimento mais acelerado da cidade, e sua delegação com 16 membros é a maior na assembleia municipal, de 51 lugares.

Mesmo com o ressurgimento, a taxa média de desemprego de 9,4 por cento em 2013 é a segunda maior depois do Bronx, de acordo com o Departamento do Trabalho do Estado.

Com o aumento do custo de moradia, a ascensão econômica gerou sua quota de detratores, em um bairro onde 56 por cento dos moradores em 2012 eram hispânicos ou negros.

Em um discurso inflamado que se tornou viral na internet, o cineasta Spike Lee criticou a mudança de caráter dos bairros onde cresceu e que estão expulsando os negros e latinos de classe média.

“Por que foi necessário essa grande chegada de brancos para melhorar as escolas?”, disse ele durante uma conversa em fevereiro, perto da sede da sua empresa, em Fort Greene. “Por que há mais proteção policial em BedStuy e no Harlem agora? Por que estão recolhendo o lixo com mais frequência? Estávamos aqui!”.

A visão de Spike

Elizabeth Yeampierre, diretora executiva da Uprose, uma organização comunitária com sede em Sunset Park, lembra de quando ela aumentou o volume porque um vizinho reclamou da salsa que retumbava do seu apartamento.

“Uma comunidade que lutou durante anos pelos serviços obtém de repente todas essas comodidades, justo quando os antigos moradores negros começam a ser colocados para fora”, disse ela. “Não é que ressentimos os recém-chegados, é que nos sentimos excluídos”.

Novas pessoas continuarão a chegar, e as queixas sobre a valorização dificilmente impedirão o fluxo, de acordo com os proprietários de empresas, que dizem que o bairro continua sendo cada vez mais atraente para os empreendedores.

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