Bandeiras da Grécia e da União Europeia: o principal problema para enquadrar as contas públicas está justamente na elevada dívida pública (Oli Scarff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2012 às 15h37.
Atenas - A economia grega continuará em recessão em 2013, pelo sexto ano consecutivo, segundo a minuta de orçamentos que foi apresentada nesta segunda-feira pelo Governo grego perante o Parlamento.
Apesar de tudo, a contração do Produto Interno Bruto (PIB) que o governo de Antonis Samaras espera para 2013 é de 3,8%, inferior ao número calculado para este ano, que é de 6,5%.
Na apresentação perante a comissão de Assuntos Econômicos do Parlamento, o vice-ministro de finanças, Jristos Staikuras, reconheceu que a situação é de "recessão profunda e prolongada e de depressão econômica", porém assegurou que os orçamentos para 2013 "marcam o grande esforço" do governo para "estabilizar as finanças públicas".
Neste sentido, o governo pretende reduzir o déficit de 13,3 bilhões (6,6% do PIB), para 8 bilhões (4,2% do PIB) em 2013, após ter fechado o ano de 2011 com 19,5 bilhões de euros (9% do PIB).
Para chegar a esse número, os líderes fizeram cortes nas verbas de previdência (3,8 bilhões de euros), nos salários públicos (1,1 bilhão), na saúde (803 milhões), na defesa (304 milhões) e na educação (134 milhões).
O principal problema para enquadrar as contas públicas está justamente na elevada dívida pública, já que se excluísse os pagamentos da dívida, a Grécia poderia conseguir um superávit primário de 1% em 2013.
Embora Staikuras tenha afirmado que os novos orçamentos contribuirão para "assegurar a sustentabilidade da dívida pública", é certo que a ação não contempla nenhuma melhoria, já que terminará 2012 com um valor de 343,23 bilhões de euros, 170,8% do PIB (frente à 171,1% em 2011), e para 2013, está previsto que a dívida aumente até 182,5% do PIB.
Os cortes aplicados no novo orçamento fazem parte de um plano de economia no valor de 13,5 bilhões de euros que o governo de Samaras deve aplicar entre 2013 e 2014, por exigência da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
Este plano irá receber o sinal verde da troika e, depois, dos países da zona do euro, em uma reunião marcada para 8 de outubro, assim como da União Europeia na cúpula de 18 de outubro. Com as trÊs aprovações, a Grécia poderá receber um novo lance de 31,5 bilhões de euros do empréstimo internacional estipulado no começo do ano, que o país mediterrâneo necessita para recapitalizar seus bancos.
Os representantes da troika se reuniram nesta segunda com Samaras e com o ministro de finanças, Yannis Sturnaras, para examinar as medidas de austeridade que, com muito esforço, foram aprovadas pela coalizão que apoia o governo grego.
No entanto, de acordo com a imprensa local, a troika apresentou objeções a certas propostas de cortes que somam 2 bilhões, por isso que o governo seguirá negociando nos próximos dias.
O plano de economia de 13,5 bilhões de euros é dividido em cortes, especialmente salários, previdências e benefícios, e outros 2,9 bilhões em novas receitas, através de um aumento da pressão imposta sobre os autônomos e uma maior luta contra a evasão fiscal.
Os cortes já geraram fortes protestos na Grécia e várias greves setoriais durante setembro, incluindo uma greve geral no dia 26, que levou milhares de gregos a manifestarem nas ruas das principais cidades do país.