Economia

Economia global pode ter pior ano desde 2009 por temor de coronavírus

Há algumas semanas, aposta majoritária era que desaceleração liderada pela China seria revertida rapidamente; Agora, otimismo está sendo revisto

Pessoa com máscara e roupa protetora caminha em Xangai, na China 27/02/2020 (Qilai Shen/Bloomberg)

Pessoa com máscara e roupa protetora caminha em Xangai, na China 27/02/2020 (Qilai Shen/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 12h53.

A economia global pode registrar o pior desempenho desde a crise financeira há mais de uma década, pois a propagação do coronavírus diminui cada vez mais as esperanças de uma rápida recuperação.

Há apenas algumas semanas, a maioria dos economistas apostava que a desaceleração liderada pela China seria revertida rapidamente assim que o vírus fosse contido. Agora, muitos reconsideram esse otimismo, já que várias fábricas chinesas permanecem fechadas e trabalhadores estão ociosos.

Depois do abalo causado nas cadeias de fornecedores, turismo e o comércio, surtos na Europa e Américas também ameaçam a atividade econômica em outros lugares.

Na quinta-feira, economistas do Bank of America alertaram clientes que agora projetam crescimento global de 2,8% este ano, o ritmo mais fraco desde 2009. O banco já esperava a expansão mais fraca na China desde 1990, mas agora diz que o crescimento do PIB dos EUA será o mais baixo em quatro anos.

“Os riscos ainda têm um viés de baixa”, segundo relatório da equipe de economistas do BofA liderada por Ethan Harris. “Nossas previsões não incluem uma pandemia global, que basicamente paralisaria a atividade econômica em muitas grandes cidades.”

A perspectiva contrasta com a divulgada pelo Fundo Monetário Internacional no último sábado. Segundo o Fundo, o surto deve eliminar apenas 0,1 ponto percentual de sua estimativa de crescimento global de 3,3% para este ano, embora esteja estudando cenários mais “terríveis”. O FMI reconsidera a escala e o escopo das reuniões que sediaria em meados de abril.

Com a queda das ações, empresas também soam o alerta. Na quinta-feira, o Standard Chartered se juntou ao HSBC Holdings e também informou que não vai atingir as metas de lucro por causa do vírus.

“Continuamos sensíveis às condições externas em geral e reconhecemos que elas poderiam facilmente se recuperar quanto piorar”, disse o CEO Bill Winters.

Ansiosos por conhecer o impacto na economia da China, investidores aguardam a divulgação no sábado de um importante indicador de manufatura.

O consenso na pesquisa da Bloomberg é que o índice oficial dos gerentes de compras caia para 45, a pontuação mais baixa desde 2008, em relação aos 50 de janeiro, com previsões que variam de 33 a 50,1. A pesquisa destaca a confusão em torno do vírus e como a leitura pode abalar os mercados.

A China ainda tem uma longa recuperação pela frente. A Bloomberg Economics calcula que a economia operou com 60% a 70% da capacidade normal nesta semana, embora acima dos 50% a 60% há uma semana.

Por enquanto, os maiores bancos centrais adiam cortes dos juros, enquanto esperam para avaliar o impacto total econômico do vírus, com taxas já em mínimas históricas ou próximas desses níveis.

Acompanhe tudo sobre:ChinaCoronavírus

Mais de Economia

Qual estado melhor devolve à sociedade os impostos arrecadados? Estudo exclusivo responde

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%

Governo corta verbas para cultura via Lei Aldir Blanc e reduz bloqueio de despesas no Orçamento 2024

Governo reduz novamente previsão de economia de pente-fino no INSS em 2024