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Economia global em risco? FMI faz alerta sobre nova escalada de tensões entre EUA e China

Diretor do FMI disse que tarifas e rupturas nas cadeias de suprimentos podem reduzir o crescimento global em até 0,3 ponto percentual

 (simon2579/Getty Images)

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Publicado em 17 de outubro de 2025 às 09h41.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta sexta-feira, 17, que as novas tensões entre os Estados Unidos e a China representam “riscos significativos de baixa” para o crescimento global. A avaliação foi feita por Krishna Srinivasan, diretor do departamento da Ásia e Pacífico do Fundo.

As tensões comerciais entre os países voltaram a se intensificar nas últimas semanas. Washington ampliou restrições tecnológicas e propôs tarifas sobre navios chineses que atracarem em portos americanos. Em resposta, Pequim anunciou controles mais rígidos sobre a exportação de terras-raras e outros materiais críticos.

Nesta semana, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, criticou um alto funcionário chinês, acusando-o de chegar a Washington sem convite e agir de forma “desequilibrada”.

“Se esses riscos se materializarem em maiores tarifas e interrupções nas cadeias de suprimentos, o crescimento poderá ser reduzido em 0,3 ponto percentual”, disse Srinivasan à Bloomberg TV. “Se houver mais tensões, isso também significará riscos de baixa para a China.”

Crescimento asiático sob pressão

Apesar de estar na linha de frente dos impactos das tarifas americanas e da incerteza política, a atividade econômica na região Ásia-Pacífico segue resiliente. Em entrevista anterior à Bloomberg em Washington, Srinivasan destacou três fatores que têm sustentado o crescimento asiático: exportações robustas, o boom tecnológico e condições macroeconômicas mais favoráveis, apoiadas por políticas monetárias acomodatícias.

Ainda assim, o FMI se preocupa com a falta de resolução do impasse comercial. O fundo projeta que o crescimento econômico da Ásia desacelere para 4,5% em 2025, ante 4,6% no ano anterior. A projeção representa uma revisão para cima de 0,6 ponto percentual em relação à previsão de abril, feita após o anúncio de tarifas pelo presidente Donald Trump. Para 2026, a expectativa é de nova desaceleração, para 4,1%.

FMI aumenta previsão de crescimento do Brasil

Para o Brasil, as perspectivas melhoraram em relação ao relatório de julho: o fundo projeta alta de 2,4% no PIB em 2025 e de 1,9% no ano seguinte, ante 2,3% e 2,1% anteriormente. A revisão positiva para 2025 foi parcialmente compensada por uma estimativa mais baixa para 2026, influenciada por tarifas mais altas sobre exportações brasileiras para os EUA.

No front fiscal, o Monitor Fiscal do FMI projeta que a dívida pública bruta brasileira ultrapassará 90% do PIB em 2025, chegando a 98,1% em cinco anos.

Embora a estimativa tenha recuado em relação à última edição do relatório — de 98,2% para 91,4% neste ano — o patamar ainda é considerado elevado. Em 2024, a dívida ficou em 87,3% do PIB, e a projeção para 2030 passou de 99,4% para 98,1%.

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