Alexandre Tombini: ao mesmo tempo, segundo Tombini, a economia doméstica passa por "necessários ajustes nas politicas fiscal e monetária" (Wilson Dias/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 16h27.
São Paulo - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a afirmar nesta quinta-feira, 10, que a conjunção de incertezas advindas do fronte econômico internacional continua contribuindo para a deterioração das economias dos países emergentes.
Tombini falou para uma plateia de banqueiros e executivos do mercado financeiro durante almoço do fim de ano promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Segundo ele, a economia global está e deve continuar a se expandir de maneira moderada.
Paralelamente a isso, o início do processo de normalização da economia norte-americana que, de acordo com o presidente do BC, tem fortalecido o dólar e a desaceleração da economia chinesa tem impactado os preços das commodities, principais produtos de exportações dos emergentes.
Ao mesmo tempo, segundo Tombini, a economia doméstica passa por "necessários ajustes nas politicas fiscal e monetária".
O problema, de acordo com ele, é que o descasamento entre as medidas e os resultados podem causar questionamentos aos ajustes.
Mas segundo, Tombini, a apreciação cambial tem respondido à deterioração dos termos de troca.
Transações correntes
O presidente do Banco Central disse também que o déficit nas transações correntes deverá registrar neste ano um recuo de US$ 40 bilhões.
Segundo ele, a apreciação cambial tem respondido à deterioração dos termos de troca.
Além disso, segundo Tombini, ao contrário do que acontecia antigamente, a atual deterioração cambial não tem causado desequilíbrios patrimoniais nem financeiros.
Ajuste fiscal
O presidente do BC afirmou ainda que um ajuste crucial para a retomada da economia brasileira é o fiscal. "É importante ser aprovada uma meta de superávit primário crível para 2016", disse Tombini, para uma plateia na qual estava presente também o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Tombini comentou que o ajuste dos preços administrados que está sendo feito neste ano contribuirá para levar à redução da inflação em 2016. Para o banqueiro central, as ações de política monetária restringirão os impactos dos administrados no longo prazo.
Ao se referir aos seguidos aumentos das expectativas de inflação pelo mercado - o Relatório Focus tem mostrado isso semana após semana - Tombini disse que elas têm aumentado desde agosto. Isso, em parte, segundo ele, tem ocorrido porque no curto prazo os efeitos da depreciação cambial tendem a aumentar.
"O BC trabalha para trazer a inflação para o mais próximo possível da meta em 2016", afirmou Tombini.
O presidente aproveitou a ocasião para reiterar que a política monetária não está sob dominância fiscal e que os mecanismos de transmissão de política monetária estão em pleno funcionamento.
Ainda sobre o ajuste fiscal, Tombini destacou que a consolidação não se dá de forma rápida. "O processo é longo e é complexo", disse.
Segundo ele, por causa da demora nos ajustes fiscais é que a inflação ainda não convergiu para o centro da meta.
Vale lembrar que alguns dias antes da reunião do Copom de outubro, o Banco Central postergou de 2016 para 2017 o horizonte de convergência da inflação à meta.
Ainda assim, Tombini disse que o BC não limitará seu trabalho por possíveis impactos fiscais em suas ações.