Ilan: apesar da fala do presidente do BC, ainda há riscos para a economia brasileira (Andrew Harrer/bloomberg/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 09h46.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2018 às 10h15.
São Paulo - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, voltou a afirmar nesta segunda-feira que o cenário para 2018 prevê "recuperação consistente" da economia e com a inflação em direção à meta oficial, mas que também há riscos.
Segundo apresentação preparada para evento em São Paulo, Ilan disse que os riscos envolvem "possíveis efeitos secundários de choques favoráveis e mecanismos inerciais podem produzir trajetória prospectiva da inflação abaixo do esperado", bem como frustração das reformas e reversão do cenário externo benigno.
"O Brasil precisa continuar no caminho de ajustes e reformas para manter a inflação baixa, a queda da taxa de juros estruturais e a recuperação sustentável da economia", afirmou o presidente do BC, segundo a apresentação.
No início deste mês, o BC desacelerou o passo e cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, à nova mínima recorde de 6,75 por cento ao ano, e sinalizou o fim do ciclo de afrouxamento na Selic devido à melhor recuperação da atividade econômica no país.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada dias depois, reforçou esse posicionamento, mas também informou que seus membros divergiram sobre qual comunicação deveria ser adotada para a próxima reunião, em março. Enquanto alguns manifestaram preferência por manter "elevado grau de liberdade", outros defenderam sinalizar de modo mais claro o possível fim do ciclo, com liberdade de ação, mas em menor grau.
A conclusão de todos, no fim, foi por indicar o encerramento do ciclo "caso a conjuntura evolua conforme o cenário básico", mas mantendo espaço para queda "moderada" adicional nos juros caso haja alteração nesse quadro.
Com isso, o mercado de juros futuros precificava apostas divididas sobre o próximo passo do BC, em março, entre novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros e manutenção.
Em sua apresentação nesta manhã, Ilan também reforçou que "ocenário internacional encontra-se benigno, mas não podemos contar com essa situação perpetuamente".
Recentemente, os mercados financeiros mundo afora reagiram com volatilidade aos sinais de fortalecimento da economia dos Estados Unidos. O temor é de que o Federal Reserve, banco central do país, possa ser mais duro ao elevar a taxa de juros para enfrentar as pressões inflacionárias.