Economia

Economia da Rússia pode encolher até 12% este ano, estimam bancos

Barclays e Goldman Sachs revisam previsões para o PIB do país em 2022 e estimam tombo maior

Rússia: Putin alerta que o país enfrenta aumento na taxa de desemprego e na inflação (AFP/AFP)

Rússia: Putin alerta que o país enfrenta aumento na taxa de desemprego e na inflação (AFP/AFP)

AO

Agência O Globo

Publicado em 21 de março de 2022 às 13h20.

Economistas do Barclays e do Goldman Sachs reduziram suas previsões para o crescimento da economia russa este ano, estimando uma retração de dois dígitos na mais recente de uma série de revisões que vão se aprofundando em paralelo ao endurecimento das sanções impostas ao país após a invasão da Ucrânia.

O Barclays divulgou um dos maiores rebaixamentos de expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia até aqui, revisando a estimativa anterior de crescimento para uma contração de 12,4% em 2022, incluindo um novo declínio de 3,5% no ano seguinte.

O Goldman Sachs reduziu a previsão para este ano e agora calcula um tombo de 10%, ante uma queda de 7% anteriormente.

“Devido às condições geopolíticas atuais, acreditamos que as sanções serão de longo prazo”, disseram economistas do Barclays em nota, incluindo Brahim Razgallah.

“A desaceleração econômica será gradual e vai ficar mais rápida em meados de 2022, na medida em que as consequências das sanções sejam integralmente aplicadas à economia”, complementam.

Pouco mais de três semanas após o presidente Vladimir Putin ordenar o ataque militar à Ucrânia, uma economia que caminhava para o segundo ano de crescimento está naufragando em meio a seu pior revés neste século.

Putin alerta que o país enfrenta aumento na taxa de desemprego e na inflação enquanto ajusta o país para enfrentar o que ele classifica como uma “Blitzkrieg econômica”, uma espécie de ataque relâmpago à economia russa, trazido pelas sanções internacionais.

A previsão inicial da Bloomberg Economics era de que o PIB da rússia encolhesse em aproximadamente 9% este ano.

Os economistas do Goldman, liderados por Clemens Grafe, disseram em comunicado que “as exportações russas estão mais fortemente interrompidas do que se previsa inicialmente”, o que responde por cerca de metade da revisão para baixo anunciada pelo banco.

A tese do Goldman é de que as exportações de gás russas vão continuar sem interrupção, mas os embarques de petróleo vão cair perto de 20%.

E agora estima que as exportações despenquem em 20% neste segundo trimestre, com queda de 10% no total do ano.

O Goldman também considera que haverá igualmente um tombo de 20% nas importações por Moscou em 2022. Ao mesmo tempo, os itens exportados pela Rússia dependem de poucos componentes importados, de acordo com o banco. No caso da mineração, o setor depende de importados para apenas 7% de suas compras intermediárias em produtos e serviços, citando o dado mais recente, que é de 2019.

“O impacto das sanções comerciais a Moscou devem ser menos prejudiciais para a economia (russa) do que seriam para outras mais integradas a rede global de suprimentos”, diz o Goldman.

O banco americano estima uma “lenta recuperação”, com crescimento voltando ao positivo já no próximo ano, com previsão de crescimento do PIB de 2,4% em 2023 e de 3,4% em 2024.

A previsão é menos impactante para as finanças da Rússia. Na ausência de restrições comerciais maiores e com a alta no preço das commodities, o Barclays acredita que a Rússia terá condições de bancar suas principais despesas.

No relatório do Goldman, o superávit da conta corrente do país está crescendo levemente no momento apesar do forte declínio em importações e exportações.

A estimativa é de que o balança da conta corrente alcance um recorde de US$ 205 bilhões em 2022, assumindo que a Rússia continue a honrar sua dívida e a permitir o pagamento de dividendos.

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