Economia

Economia da China permanece estagnada, aumentando pressão por estímulos fiscais

Terceiro trimestre mostra sinais de fraqueza econômica, com investimento em ativos fixos e produção industrial em queda, desafiando a meta de crescimento de 5% do governo

Xi Jinping tem sofrido pressão para aumentar os estímulos fiscais do governo. (Aurelien Morissard/AFP)

Xi Jinping tem sofrido pressão para aumentar os estímulos fiscais do governo. (Aurelien Morissard/AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 15 de agosto de 2024 às 08h21.

A economia da China continua a enfrentar dificuldades no terceiro trimestre de 2024, com novos dados apontando para uma persistente fraqueza que desafia as metas de crescimento estabelecidas pelo governo. A desaceleração do investimento em ativos fixos para 3,6% nos primeiros sete meses do ano foi um dos principais destaques dos dados divulgados na quinta-feira, 15.

Apesar de as vendas no varejo terem superado as expectativas devido a um aumento sazonal, elas ainda permanecem muito abaixo dos níveis pré-pandemia. A produção industrial, por sua vez, enfraqueceu levemente, embora continue a superar o consumo. As informações são da Bloomberg.

O yuan offshore manteve suas perdas iniciais após a divulgação dos dados, refletindo a preocupação dos mercados com a economia de US$ 17 trilhões (R$ 92,8 trilhões) da China, que parece estar perdendo dinamismo. As medidas recentes do governo, incluindo cortes nas taxas de juros para estimular o consumo e o investimento, não têm mostrado resultados significativos, deixando o país cada vez mais dependente da manufatura para impulsionar o crescimento.

O governo do presidente Xi Jinping tem como meta um crescimento de cerca de 5% em 2024, mas os desafios são evidentes. Economistas pedem uma aceleração nos gastos com infraestrutura e outros programas para reativar a demanda interna, essencial para atingir essa meta. No entanto, o apoio fiscal tem sido fraco este ano, com os gastos públicos encolhendo no primeiro semestre, enquanto as autoridades arrecadam fundos para projetos de infraestrutura por meio de emissões de títulos de forma lenta.

O setor imobiliário, que enfrenta uma desaceleração prolongada, mostra poucos sinais de recuperação, mesmo com a estabilização no ritmo de queda. Os preços dos imóveis caíram em termos mensais, embora de forma mais lenta, mas a queda anual foi mais acentuada. As novas construções continuam a despencar, com uma retração de cerca de 20% em relação ao ano anterior.

O investimento total em julho cresceu apenas 1,9% em comparação com o ano anterior, um resultado inferior ao aumento de 3,7% registrado no mês anterior, de acordo com cálculos do Goldman Sachs. A análise dos números revela uma desaceleração na expansão dos investimentos em infraestrutura no período de janeiro a julho, em comparação com os primeiros seis meses do ano. O investimento das empresas privadas também piorou, não apresentando nenhuma mudança em relação ao ano anterior.

Sinal de alerta

O investimento em infraestrutura tem sido um dos principais motores da demanda interna, que vem ficando atrás da produção este ano. A desaceleração nesse setor é um sinal de alerta para a economia chinesa, indicando que a fraqueza na demanda pode eventualmente afetar outros setores.

As preocupações com um declínio prolongado na confiança e nos preços aumentaram após a China relatar a primeira contração nos empréstimos à economia real em quase duas décadas. Esse cenário reabriu o debate sobre a possibilidade de a China enfrentar um período prolongado de estagnação, semelhante ao que o Japão vivenciou na década de 1990, quando as famílias e as empresas se concentraram em reduzir suas dívidas, o que levou à retração do consumo e ao enfraquecimento da economia.

Embora o Banco Popular da China deva cortar as taxas de juros novamente este ano, as medidas provavelmente serão moderadas demais para melhorar significativamente o sentimento do mercado. O espaço para novas flexibilizações monetárias também é limitado por preocupações com o yuan, além da necessidade de conter um possível colapso do mercado de títulos, que poderia causar um choque financeiro na economia.

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