Economia

Economia da China cresce 4,5% no primeiro trimestre após fim das medidas anticovid

O número é a primeira imagem desde 2019 de uma economia chinesa livre das severas restrições que permitiram controlar o coronavírus, mas que afetaram as empresas e as redes de suprimentos

No quarto trimestre de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do gigante asiático cresceu 2,9% (AFP/AFP Photo)

No quarto trimestre de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do gigante asiático cresceu 2,9% (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 18 de abril de 2023 às 06h26.

A economia da China cresceu 4,5% em ritmo anual no primeiro trimestre, graças à retomada da atividade no país após o fim das restrições anticovid, de acordo com dados oficiais divulgados nesta terça-feira, 18.

O número é a primeira imagem desde 2019 de uma economia chinesa livre das severas restrições que permitiram controlar o coronavírus, mas que afetaram as empresas e as redes de suprimentos.

No quarto trimestre de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do gigante asiático cresceu 2,9%, pressionado pelas medidas sanitárias ligadas à pandemia e que foram mantidas até dezembro.

O anúncio do crescimento foi acompanhado de outras boas notícias para a economia chinesa: as vendas no varejo, um dos principais indicadores de consumo, aumentaram 10,6% na comparação anual em março e a produção industrial cresceu 3,9% em relação ao mesmo mês de 2022, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONE).

O relatório do ONE destaca que nos primeiros três meses do ano a China enfrentou um "cenário internacional grave e complexo, assim como tarefas árduas para promover as reformas, o desenvolvimento e garantir a estabilidade em casa".

A política 'covid zero' imposta por Pequim - baseada em quarentenas e confinamentos estritos, testes em larga e escala e restrições de deslocamentos - prejudicou a atividade econômica até ser desmantelada em dezembro.

Desde então, a a população chinesa voltou a frequentar restaurantes e retomou as viagens, o que representou um forte estímulo ao setor de serviços.

Meta modesta para 2023

Teewe Mevissen, analista do Rabobank, destacou que "o consumo teve uma recuperação no primeiro trimestre, em parte devido à demanda acumulada, mas ainda não retornou aos níveis pré-pandemia".

"A queda de patrimônio das famílias devido à crise imobiliária e a perda de renda das famílias durante a pandemia são fatores pelos quais os consumidores não gastam mais”, acrescentou.

Iris Pang, economista-chefe para a China do ING, afirmou que a principal razão para o crescimento acima do esperado no primeiro trimestre é a forte expansão das vendas no varejo.

Em 2022, o PIB da China cresceu apenas 3%, um de seus piores desempenhos em décadas.

A segunda maior economia do mundo também enfrenta outra série de desafios, como o alto endividamento no setor imobiliário, a queda da confiança dos consumidores, a inflação e a ameaça de uma recessão global.

O resultado oficial de crescimento entre janeiro e março superou amplamente a projeção de 3,8% dos analistas entrevistados pela AFP.

No primeiro trimestre do ano passado, a economia do país cresceu 4,8%, mas registrou forte desaceleração nos últimos meses de 2022.

O governo anunciou uma meta modesta de crescimento econômico para 2023, de 5%, e o primeiro-ministro Li Qiang já advertiu que o objetivo pode ser difícil de alcançar.

Uma pesquisa da AFP com analistas projeta que a economia chinesa deve crescer em média 5,3% este ano, perto da previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 5,2%.

Os analistas, no entanto, alertam que o cenário internacional pode prejudicar a recuperação da China.

Ken Cheung, do Mizuho Bank, destacou que o consumo interno "demonstrou ser o pilar" do avanço econômico, mas que a "produção industrial foi decepcionante devido à forte recuperação do crescimento das exportações".

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