Agência de Notícias
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 06h53.
A atividade econômica da Argentina conseguiu acumular no primeiro semestre uma recuperação de 6,2%, mas com sinais de desaceleração no início da segunda metade do ano e um aumento crescente do custo do crédito.
De acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a atividade econômica - um dado que serve como prévia da variação trimestral do Produto Interno Bruto (PIB) - registrou em junho queda de 0,7% em comparação com maio.
O relatório oficial mostra, no entanto, uma recuperação de 6,4% em comparação com junho de 2024, o que representa a nona alta na variação interanual consecutiva, mas que se dá a partir de bases muito enfraquecidas no último ano.
De acordo com os dados do Indec, a atividade econômica acumulou no primeiro semestre do ano alta de 6,2%, depois de uma queda de 3% no mesmo período de 2024, quando a economia sofreu o impacto do severo ajuste implementado pelo governo do presidente Javier Milei no final de 2023.
O desempenho semestral positivo esconde, no entanto, uma desaceleração progressiva na atividade econômica. As variações mensais negativas de maio e junho confirmam essa tendência.
De acordo com cálculos da consultoria Orlando Ferreres, a atividade desacelerou para 0,5% no segundo trimestre, em comparação com um avanço de 1,3% no primeiro.
De acordo com um relatório do Centro de Pesquisa do Ciclo Econômico (CICEC) das Bolsas de Rosario e Santa Fé, durante junho observou-se uma “desaceleração generalizada na atividade”, com “quedas significativas no setor industrial, na construção e nas importações, além de uma estagnação na recuperação da massa salarial real do emprego privado registrado”.
O CICEC destacou que, nos últimos meses, a atividade econômica foi afetada por fatores de instabilidade, tanto a nível local como internacional.
No plano interno, esses fatores incluem mudanças na política monetária e cambial que “continuam gerando uma série de ajustes em diferentes variáveis que não conseguem se estabilizar”, enquanto “no plano externo, os conflitos bélicos e a política tarifária do governo dos Estados Unidos continuam provocando volatilidade nos mercados internacionais”.
Os salários registrados continuam perdendo a corrida para a inflação, o que afeta a demanda de diversos setores produtivos.
De acordo com um relatório da Confederação Argentina da Média Empresa, as vendas das pequenas e médias empresas caíram em julho 2% em relação ao ano anterior e 5,7% em relação a junho, “condicionadas por fatores econômicos que limitaram o consumo, como o endividamento das famílias, o uso restrito do crédito e o aumento dos custos operacionais”.
A atual política monetária privilegia a contenção da inflação em detrimento do crescimento da atividade econômica.
Na reta final para as eleições legislativas de outubro, o governo optou por tentar frear as pressões cambiais e o impacto na inflação por meio de uma política monetária que valida taxas de juros crescentes.
A medida encareceu o crédito para empresas e famílias, o que previsivelmente terá impacto na atividade.
“Daqui para frente, vemos um aumento do risco de desaceleração da atividade, devido a uma possível estagnação da recuperação da renda das famílias e porque a política monetária prioriza o combate à inflação em detrimento da atividade, o que leva a taxas de juros mais altas e voláteis”, destacou a Orlando Ferreres em um relatório.