Economia

É preciso reforçar confiança, diz diretora do FMI

A diretora-gerente do Fundo disse que é preciso reforçar a confiança no sistema financeiro internacional e combater "a natureza impiedosa" de alguns mercados


	A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde: "o ativo mais valioso do sistema bancário é a confiança"
 (Thierry Charlier/AFP)

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde: "o ativo mais valioso do sistema bancário é a confiança" (Thierry Charlier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2015 às 15h43.

Nova York - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou nesta quinta-feira que é preciso reforçar a confiança no sistema financeiro internacional e combater "a natureza impiedosa" de alguns mercados.

"O ativo mais valioso do sistema bancário é a confiança", afirmou Lagarde ao participar hoje de um seminário sobre a ética nos serviços financeiros organizados pelo Federal Reserve de Nova York.

Em seu discurso, que abriu o seminário, Lagarde mencionou uma pesquisa de 2014 na qual 45% dos entrevistados considerou como negativa a reputação do mercado financeiro, colocando o setor na terceira posição, atrás do governo e da indústria do tabaco.

A diretora-gerente disse que durante e depois da crise de 2008 o comportamento do sistema financeiro "não foi exatamente exemplar" e deu sinais de imprudência. Também destacou que, acima dos lucros para os acionistas, é preciso levar em conta o papel social do setor e a necessidade de criar valor.

Lagarde destacou a necessidade de atuar junto com os reguladores e as autoridades para promover novos valores no sistema financeiro e ao mesmo tempo envolver a indústria para que se some a esse impulso de forma voluntária.

Mas também disse que uma "mudança cultural" deve começar a ser desenvolvida desde as escolas, pelo mundo acadêmico e pelas organizações sociais para fomentar "valores morais".

A diretora-gerente do FMI reiterou o destaque do papel dos indivíduos frente às sociedades na hora de defender esses princípios e punir os que não cumprem com parâmetros éticos.

"As companhias não tomam decisões, são os indivíduos", afirmou.

Nesse sentido, propôs a possibilidade que, da mesma forma que médicos e advogados, os banqueiros tenham que fazer algum tipo de juramento profissional e se submeter a um código que defenda princípios éticos.

Lagarde citou como exemplo que, nos últimos seis anos, os maiores bancos dos Estados Unidos e da Europa receberam multas por diversas razões no valor de US$ 230 bilhões, um número equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia durante 15 meses.

"É preciso ações rápidas para restaurar a confiança do setor financeiro", destacou.

Em um debate posterior no qual participou ao lado do vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, Lagarde defendeu também a necessidade de as instituições atuarem com transparência e clareza na hora de definir suas regulações. 

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