Dívida pública: segundo secretário, essa estratégia é coerente com a gestão responsável da dívida (iStock/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de maio de 2018 às 19h28.
Brasília - O subsecretário da Dívida Pública, José Franco Morais, anunciou nesta quarta-feira, 30, que, após mais uma rodada de leilões extraordinários de recompra, haverá mudanças estruturais na estratégia do Tesouro Nacional de colocação de papéis para este ano, com emissão de menos títulos longos.
Segundo ele, porém, não haverá alteração nas bandas atuais do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2018.
"Com os bons fundamentos da economia brasileira, os títulos longos como a NTN-F deixam de ser interessantes. E devido à reprecificação global de preços dos ativos, o Tesouro prefere aguardar e não fazer emissões fortes desses títulos longos", afirmou.
"A tendência é ofertar volumes significativamente menores desses papéis. Não queremos travar custos que hoje são considerados elevados", completou.
Franco frisou que o Tesouro mantém o compromisso de chegar ao fim do ano com o prazo médio do endividamento entre 4 e 4,2 anos.
"Isso não afetará as bandas do PAF e nem significa um encurtamento da Dívida Pública. Temos flexibilidade para fazer isso", explicou. "Podemos deixar de emitir e usar colchão de liquidez ou emitir títulos com custos não tão elevados", acrescentou.
Segundo ele, essa estratégia é coerente com a gestão responsável da Dívida Pública e pode ser revertida em algum momento. "Se as taxas mudarem e a ponta longa ceder, o Tesouro pode rever essa estratégia", concluiu.
O subsecretário da Dívida Pública disse também não ter ainda uma avaliação sobre o impacto da greve dos caminhoneiros sobre o mercado interno de títulos públicos.
Ele admitiu, porém, que esse é um dos fatores que levaram ao Tesouro Nacional a rever a sua estratégia, com a realização de leilões extraordinários de recompra títulos nesta semana e a redução da emissão de títulos longos daqui para frente.
"Não temos ainda todas as respostas, e nem o mercado tem. Houve reprecificação de ativos por causa de desdobramentos do cenário externo, devido à última decisão do Copom e também pela greve de caminhoneiros. Mas é difícil determinar o peso de cada um", alegou.
De acordo com o Tesouro, o colchão de liquidez da dívida hoje é de R$ 575 bilhões, superior a sete meses de rolagem de títulos.
"Leilões extraordinários foram feitos em 2013, 2015 com downgrade do rating brasileiro e os problemas fiscais do País, em 2016 com a eleição do Donald Trump nos EUA, e em maio de 2017 com delação da JBS", lembrou.