Economia

É improvável que vacina cause abscesso em carne, diz especialista

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura afirmou que há indicações de que os abscessos encontrados na carne são uma reação à vacinação

Gado: "Pode ser algum problema, dependendo do sistema, da agulha, se ela não está limpa ou adequada" (Paulo Santos/Reuters)

Gado: "Pode ser algum problema, dependendo do sistema, da agulha, se ela não está limpa ou adequada" (Paulo Santos/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de junho de 2017 às 19h12.

São Paulo - Não é provável que a vacina seja a causa de abscessos encontrados pelo governo dos Estados Unidos na carne brasileira, problema este citado como um dos motivos para a suspensão dos embarques do Brasil aos EUA, disse um alto dirigente de associação da indústria veterinária do país.

A afirmação foi feita após o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, ter afirmado nesta sexta-feira que há indicações de que os abscessos encontrados no produto são uma reação à vacinação do gado contra febre aftosa.

"Para nós fica uma situação bastante difícil, mas não vamos sair da nossa linha. É improvável que seja da vacina, e não entendi por que o ministério se posicionou assim, uma vez que ele controla 100 por cento da vacina", disse o vice-presidente-executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Emilio Carlos Salani, ao ser questionado sobre a afirmação da autoridade.

Segundo ele, após o vacina ser produzida, o próprio ministério realiza uma série de testes de esterilidade, inocuidade e potência do medicamento, entre outros.

Questionado sobre o que causaria um abscesso, ele disse que isso poderia ser decorrente de uma agulha rombuda (que perdeu a ponta) ou uma agulha mal esterilizada, mas não o medicamento em si.

"Pode ser que tenha tido algum tipo de problema, dependendo do sistema, da agulha, se ela não está limpa ou adequada, não existe risco zero em tratando de biologia."

Há também uma chance maior desses abscessos serem identificados se a carcaça não for processada adequadamente pelo frigorífico.

Mais cedo, um representante da indústria disse à Reuters que as companhias estão adotando uma prática de fracionar mais a carcaça, em busca de abscessos não aparentes, como medida para garantir o mercado dos EUA.

Ele disse ainda que a posição da indústria veterinária do Brasil, que atua no terceiro maior mercado do mundo para esse tipo de produto, quer debater as causas dos problema e não sair em movimento de "caça às bruxas", para resolver a questão e restabelecer o fluxo do produto aos EUA.

Após 17 anos de negociação, o Brasil conseguiu apenas no segundo semestre do ano passado acesso ao cobiçado mercado norte-americano do produto in natura.

O Brasil, maior exportador global de carne bovina, é o único país considerado livre de aftosa com vacinação que exporta aos EUA.

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