Economia

É cedo para comemorar a retomada dos investimentos?

Para o Itaú, grande destaque do PIB do 1º trimestre deve ter sido o aumento do investimento, mas indicadores de confiança dos empresários sugerem desaceleração

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2013 às 14h08.

São Paulo -  Nessa semana, o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland de Brito, afirmou que há sinais claros de retomada do investimento. A recuperação, no entanto, não veio necessariamente para ficar, segundo algumas projeções.  

A Tendências Consultoria estima um crescimento de 5,9% no nível de investimento no primeiro trimestre de 2013 em relação ao último de 2012. É um crescimento forte, tendo em vista a queda de 4% em 2012, porém, já no segundo trimestre desse ano, os investimentos devem voltar a cair, segundo as projeções da Consultoria, para encerrar o ano em um crescimento de 3,8%. “Praticamente a devolução da queda do ano passado. Não é nada bombástico”, afirmou Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria.

Não é só a base fraca de 2012 que levaria ao crescimento no primeiro trimestre. Há três motivos principais para a recuperação dos investimentos no período, segundo Adriana Dupita, economista do Santander: o efeito da retomada da produção de caminhões (a mudança do padrão euro5 parou a produção em 2012 em decorrência da existência de estoques, agora  a produção foi retomada), a indústria em um momento mais favorável em relação ao ano passado e a recuperação da economia como um todo. “O investimento costuma ser o primeiro a reagir à redução de ritmo de atividade econômica e o último a reagir à recuperação”, disse.  

Adriana afirmou que o câmbio também desempenha um papel, mesmo que assimétrico. “Embora esteja longe de ser solução definitiva, o câmbio mais desvalorizado acaba ajudando a indústria, mas nesse caso é uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo em que o câmbio menos apreciado ajuda a competitividade da indústria, boa parte dos investimentos feitos através da importação de bens de capital fica mais cara”, afirmou. 

O Santander projeta um crescimento de 6,8% nos investimentos no primeiro trimestre  na comparação com o quarto trimestre de 2012.  “Ao longo do ano, deve continuar crescendo, mas não com tanto vigor”, afirmou Adriana - para o ano, a projeção é de crescimento de 4,3%. Para o Itaú Unibanco, o grande destaque do PIB do primeiro trimestre deve ter sido o aumento do investimento, mas indicadores de confiança dos empresários sugerem desaceleração. O índice de confiança da indústria caiu pelo segundo mês consecutivo em abril. “Quando se olha para a indústria, não há uma dinâmica clara de processo de recuperação generalizada”, disse Alessandra. 


Em relatório divulgado nessa semana, o Itaú Unibanco reduziu sua projeção de crescimento do PIB em 2013 de 3,0% para 2,8% - a projeção para o primeiro trimestre também foi reduzida, de 1,2% para 1,0%, na comparação com o quarto trimestre de 2012. O Santander e a Tendências Consultoria projetam um crescimento de 0,8% no PIB do primeiro trimestre desse ano em relação ao último de 2012. O IBGE vai divulgar o PIB dos três primeiros meses de 2013 no final do mês. 

“Em linhas gerais, acho que os números do primeiro trimestre serão bons”, disse Alessandra. O primeiro trimestre teve elementos pontuais que não devem se sustentar nos outros trimestres, segundo a economista, como a questão dos caminhões, alguns estímulos do governo e juros mais baixos do BNDES. 

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a recuperação dos investimentos é um movimento importante, mas ainda é cedo para comemorar. “Não vejo uma retomada forte do investimento, mas isso não quer dizer que não venham bons números, já que no ano passado a FBCF retrocedeu 4%”, afirmou. 

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