Economia

Donald Trump impõe novas tarifas sobre produtos chineses

Barreiras adicionais de bilhões de dólares sobre mercadorias da China entraram em vigor neste domingo nos Estados Unidos

As novas barreiras devem impactar principalmente os bens de consumo (Jonathan Ernst/Reuters)

As novas barreiras devem impactar principalmente os bens de consumo (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de setembro de 2019 às 09h49.

Tarifas adicionais sobre bilhões de dólares em produtos chineses entraram em vigor neste domingo nos Estados Unidos, enquanto o presidente norte-americano Donald Trump se mostra determinado a obter um acordo comercial com Pequim.

As tarifas adicionais de 15% são aplicadas sobre uma parte dos 300 bilhões de dólares em produtos chineses importados que ainda não haviam sido penalizados.

Trump, em campanha para um segundo mandato, descartou as várias advertências sobre as potenciais consequências negativas da medida sobre a economia e os mercados.

Os produtos atingidos incluem alimentos como ketchup, carne, linguiça, frutas, legumes, leite e queijos.

As tarifas sobre artigos esportivos, como tacos de golfe, pranchas de surfe ou bicicletas, e instrumentos musicais, roupas esportivas e até cadeirinhas infantis também serão ampliadas, de acordo com a lista oficial divulgada na sexta-feira, 30.

Economistas do Instituto Peterson de Estudos Econômicos Internacionais, com sede em Washington, calcularam o valor dos bens que serão cobertos a partir de domingo em 112 bilhões de dólares, adicionados aos mais de 250 bilhões de dólares de produtos chineses que já eram penalizados com tarifas adicionais.

Uma última série de novas tarifas, prevista para 15 de dezembro, significaria que no final do ano a totalidade das importações procedentes da China (540 bilhões de dólares, se considerado o valor de 2018) seria penalizada.

A resposta de Pequim prevê aumentar as suas tarifas sobre 75 bilhões de dólares em produtos americanos.

Um adiamento da medida americana é altamente improvável, sobretudo depois que Trump descartou a eventualidade na sexta-feira.

Ao mesmo tempo, o presidente americano afirmou que os contatos prosseguem entre Washington e Pequim.

"Não posso dizer nada, mas estamos conversando com a China. Há reuniões programadas, ligações estão acontecendo", disse.

"Eu suponho que a reunião de setembro permanece de pé. Não foi cancelada. Veremos o que acontece", completou.

Até o momento, a China não confirmou encontros ou reuniões com representantes do governo dos Estados Unidos.

Desde março de 2018, Trump lidera uma guerra de tarifas para tentar impor a Pequim um acordo que acabe com práticas comerciais que Washington considera desleais, como os subsídios que a China concede a suas empresas estatais ou a transferência obrigatória de tecnologia americana.

A estratégia não se mostrou efetiva até o momento. Pequim permanece inflexível e se recusa a negociar sob ameaças, apesar do conflito ter afetado sua economia.

Uma nova escalada de tarifas colocará em risco o crescimento econômico do gigante asiático, advertiu recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mas o FMI também alerta que toda a economia global sofrerá as consequências.

Desaceleração

Nos Estados Unidos, a guerra comercial desacelerou a economia, mas Trump alega que suas medidas contra a China "não são o problema".

O presidente atribuiu a culpa à política monetária do Federal Reserve (Fed), muito criticado por Trump por suas taxas de juros.

A incerteza sobre o conflito começa a afetar empresas que planejam investimentos e o ânimo dos consumidores americanos.

A confiança dos consumidores registrou, em agosto, a maior queda desde dezembro de 2012, segundo pesquisa da Universidade de Michigan.

"Os dados indicam que a erosão da confiança do consumidor devido às práticas tarifárias foi consolidada", afirmou Richard Curtin, economista que realiza a pesquisa bimensal, na sexta-feira.

O fato de certos produtos não sofrerem aumento de tarifas para a China antes de 15 de dezembro sugere que o governo Trump possa temer o impacto de uma nova escalada. Entre eles, estão celulares e laptops, consoles de jogos, alguns brinquedos e roupas esportivas.

Nos Estados Unidos, o consumo gera 75% do crescimento do PIB.

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