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Dólar valorizado poderia dobrar crescimento do Brasil

Ex-ministro da Fazenda diz que governo deveria estimular exportações por meio do dólar valorizado

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

São Paulo – O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou hoje (10) que uma mudança na política cambial poderia dobrar a taxa de crescimento do Brasil. Para ele, o governo deveria trabalhar pela valorização do dólar e, com isso, estimular as exportações, os investimentos e a geração de emprego no país.

“Com o dólar valorizado, todas as empresas competentes teriam uma chance de exportar muito mais, investiriam muito mais, e o país cresceria muito mais”, afirmou Bresser-Pereira. “O crescimento do país poderia ser 50% maior ou até dobrar.”

O ex-ministro participou de um evento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para discussão da política cambial brasileira. No evento, ele apresentou algumas alternativas para que o dólar alcance o patamar considerado razoável de R$ 2,40. Nesta tarde, a moeda era negociada a R$ 1,77.

Uma das alternativas defendidas por ele é a intervenção mais forte do governo na entrada de capitais estrangeiros no país. “Nós já começamos a fazer o controle de capitais com o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras]. É isso o que temos que fazer”, disse Bresser-Pereira, citando a cobrança do imposto sobre aplicações de estrangeiros nas bolsas de valores nacionais.

O ex-ministro ainda criticou a alta da taxa básica de juros brasileira. Para ele, nem a inflação nem o dólar são motivos para que o Brasil tenha uma taxa real de juros (descontada a inflação) de cerca de 5% ao ano. Para ele, o ideal é que essa taxa fosse de 3%.

Outro ex-ministro que também esteve no evento da Fiesp, Antonio Delfim Netto, defendeu um dólar mais valorizado. Ele disse, entretanto, que o Brasil não deve debater este assunto enquanto não resolver outro problema, ainda mais urgente, que, na sua visão, é a alta taxa de juros.

“O problema está na taxa de juros real do Brasil”, afirmou Delfim Netto. “Enquanto não tivermos uma taxa real de 3% ao ano, não adianta falarmos de câmbio.”

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