Economia

Dólar no atual patamar pune setor automotivo, diz Anfavea

Segundo a associação, o dólar no patamar de R$ 2,40 amplia os custos de produção da autoindústria no curto prazo


	Funcionários trabalham em linha de montagem de carros: já no médio e longo prazos, o atual patamar do dólar melhora a competitividade dos veículos
 (REUTERS/Rebecca Cook)

Funcionários trabalham em linha de montagem de carros: já no médio e longo prazos, o atual patamar do dólar melhora a competitividade dos veículos (REUTERS/Rebecca Cook)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2013 às 11h46.

São Paulo - O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) , Luiz Moan, afirmou, nesta segunda-feira, 2, que o dólar, no patamar de R$ 2,40, prejudica o setor automotivo no curto prazo, pois amplia os custos de produção, mas ajuda as montadoras no médio e longo prazos, pois melhora a competitividade dos veículos e fomenta as exportações.

"Eu gosto muito do patamar que está hoje. Apesar de nos punir com o aumento do custo no curto prazo, no médio e longo prazos estimula a exportação e a competitividade das montadoras e até das autopeças será reconquistada", disse Moan, que participou de um simpósio SAE Brasil de Inovação Tecnológica e Tendências Globais.

Moan afirmou que há quase dois anos era possível imaginar "uma virada no câmbio", quando a oferta da moeda começou a ficar mais escassa que a demanda no País. Ele avaliou que a volatilidade cambial deve ser menor e que o dólar deve ficar em torno de R$ 2,40 até o final do ano. "Teremos daqui pra frente uma menor volatilidade, já apontada no boletim Focus", disse.

Para o presidente da Anfavea, cada empresa definirá se irá ou não repassar o aumento de custos de produção com a alta de dólar. "Não tenho ideia de como será a alta do custo, pois depende do nível participação de importados e da negociação com fornecedores", explicou.

Moan afirmou que há uma queda do nível de confiança dentro das empresas, mas lembrou que é um dos poucos otimistas, já há algum tempo, dentro do setor automotivo. "Há um mês e meio era o único a apostar em um PIB em 2,5% para 2013 e, com o resultado divulgado (na sexta-feira, 30), o PIB anualizado está em 3,3%. Se fosse só anualizado no segundo trimestre, 6,6%", disse. "Continuo otimista e agora o mercado é que vai me seguir", completou.

O presidente da Anfavea evitou falar no desempenho do setor automotivo em agosto, cujas vendas devem ser menores que agosto de 2012, recorde histórico do setor com mais de 405 mil unidades de autos e comerciais leves vendidos.

Ele lembrou que a entidade divulga os dados do mês passado na próxima quinta-feira (5) e que, independente do volume, tem "convicção que teremos mais um recorde de vendas e produção este ano".

No evento, Moan voltou a criticar o custo trabalhista como um dos entraves para a produção brasileira de veículos. Segundo ele, esse custo coloca as montadoras e empresas autopeças em um "cenário agravante". Citou ainda a negociação com o governo para a redução dos impostos não compensados da cadeia automotiva, que oneram os veículos entre 9% e 11%.

De acordo com Moan, o pagamento de ICMS sobre energia elétrica de escritórios e até mesmo de imposto de renda e contribuição social sobre margem de 15% do custo e sobre prejuízos são exemplos dessa tributação contestada pela Anfavea.

A compensação desses impostos faz parte do programa Exportar-Auto, negociado entre a Anfavea e o governo federal para que o Brasil atinja a meta de exportar 1 milhão de veículos anualmente em 2017.

"Com os investimentos de R$ 72 bilhões previstos para até 2017, a capacidade de produção deve atingir 5,7 milhões de unidades por ano. E por mais otimista que seja o mercado, a demande será de até 4,7 milhões de unidades", disse. "Se não voltarmos a exportar, teremos uma capacidade ociosa grande no Brasil", concluiu.

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