Dívida pública federal do Brasil caiu 0,14 por cento em julho sobre junho, a 3,749 trilhões de reais (Andrew Harrer/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 27 de agosto de 2018 às 10h51.
Última atualização em 27 de agosto de 2018 às 10h56.
Brasília - A dívida pública federal do Brasil caiu 0,14 por cento em julho sobre junho, a 3,749 trilhões de reais, interrompendo cinco meses consecutivos de alta com a ajuda da queda do dólar frente ao real no período.
Com isso, seguiu fora do intervalo de referência estabelecido para o ano, de 3,78 trilhões a 3,98 trilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira.
O dado foi afetado pelo desempenho da dívida externa no mês. Em julho, houve redução de 3,75 por cento sobre o estoque apurado no mês anterior, a 141,28 bilhões de reais.
Isso ocorreu no mês em que o dólar conseguiu garantir sua primeira queda mensal desde janeiro, de 3,16 por cento, graças a um ambiente um pouco mais tranquilo no exterior.
Já a dívida pública mobiliária interna teve alta de 0,01 por cento na mesma base de comparação, a 3,608 trilhões de reais. Neste caso, houve apropriação positiva de juros de 30,26 bilhões de reais e resgate líquido de 29,76 bilhões de reais.
Em agosto, contudo, a moeda norte-americana voltou a mostrar forte avanço, principalmente por preocupações com a cena eleitoral doméstica, indo acima de 4 reais.
Pesquisas recentes de intenção de voto têm mostrado o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) mantendo a liderança na disputa no cenário em que não há a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no páreo.
O candidato preferido do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), segue sem ganhar tração, enquanto o crescimento de Lula tem alimentado apostas de que o PT irá assegurar sua presença no segundo turno.
Em meio à forte volatilidade, o dólar acumulou na semana passada valorização de 4,85 por cento, maior ganho semanal desde novembro de 2016, fechando a sexta-feira a 4,1044 reais na venda.
O BC, contudo, não fez nenhuma atuação extraordinária, seguindo na oferta de swaps cambiais tradicionais para rolagem do estoque. Da sua parte, o Tesouro tampouco anunciou leilões extraordinários.
Do fim de maio ao início de julho, ambos atuaram em conjunto em meio à turbulência nos mercados com a escalada das tensões comerciais e temores de mais aperto monetário nos Estados Unidos, além de greve dos caminhoneiros no Brasil e incertezas sobre as eleições presidenciais de outubro.
Enquanto o Tesouro realizou uma série de leilões extraordinários de títulos soberanos, o BC fez leilões de novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.
Sobre a composição da dívida pública, os títulos atrelados à taxa flutuante, como a Selic, assumiram a dianteira e passaram a responder pela maior fatia da dívida total, com representatividade de 33,64 por cento, sobre 32,34 por cento em junho.
Para o ano, o objetivo no Plano Anual de Financiamento é que esses papéis, representados pelas LFTs, fiquem entre 31 a 35 por cento da dívida pública federal.
Já os títulos prefixados, que eram até então os de maior peso na dívida, caíram a 32,82 por cento em julho, sobre 34,29 por cento em junho, mas ainda dentro da meta de 32 a 36 por cento para o ano.
Os títulos indexados à inflação, por sua vez, chegaram a 29,60 por cento da dívida total em julho, contra 29,28 por cento no mês anterior, sendo que a referência para o ano é de 27 a 31 por cento.
A participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna subiu a 12,57 em julho, ante 11,93 por cento em junho, apontou o Tesouro.